Lucro da EDP sobe 40% e atinge 952 milhões de euros

A recuperação da produção hídrica ajudou a aumentar os ganhos da eléctrica, apesar de menores resultados com as operações eólicas e solar.

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O presidente da EDP, Miguel Stilwell (à direita), com João Talone, que será substituído por Lobo Xavier no conselho de supervisão da empresa Rui Gaudencio
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O lucro da EDP subiu para 952 milhões de euros em 2023 (mais 40% face ao homólogo), graças ao aumento da produção de electricidade nas centrais hídricas, depois da seca extrema de 2022.

Também contribuíram para os resultados da empresa presidida por Miguel Stilwell de Andrade o aumento de lucros com as operações brasileiras (a EDP passou a deter 100% da sua subsidiária EDP Brasil), assim como os proveitos resultantes das vendas de activos renováveis em Espanha, Polónia e Brasil, que resultaram em ganhos de 460 milhões de euros.

Ainda assim, “o resultado líquido inclui €310M [310 milhões de euros] de perdas não recorrentes associadas a imparidades na central a carvão de Pecém [Brasil], nos projectos eólicos na Colômbia e nas centrais de ciclo combinado [a gás natural] em Portugal”, detalhou a empresa no comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA, na sigla em inglês) melhorou 11% para cerca de cinco mil milhões de euros “impulsionado pela normalização da produção hídrica e dos custos de abastecimento de electricidade e gás face a 2022, com impacto positivo na recuperação da margem integrada no mercado ibérico”.

No caso da componente solar e eólica, em que os recursos eólicos ficaram abaixo da média histórica e em que os preços da electricidade nos mercados grossistas europeus baixaram face aos níveis recorde registados em 2022, o EBITDA caiu 15%, para 1835 milhões de euros.

Enquanto o preço médio de venda da electricidade eólica e solar em Portugal subiu 3%, para 97 euros por MWh, em Espanha caiu 23%, para 79 euros MWh, e, no resto da Europa, recuou 11%, para 105 euros MWh.

Já nos Estados Unidos da América (EUA), de onde vem boa parte dos ganhos da EDP, o preço médio de venda subiu 10%, mas fica abaixo dos valores europeus, nos 45 dólares por MWh.

No entanto, considerando a produção hídrica, o EBITDA global do negócio de renováveis aumentou 15%, para 2911 milhões de euros.

Na quarta-feira, a EDP Renováveis anunciou que o resultado líquido de 2023 foi menor em 20% que no ano anterior, ficando em 513 milhões de euros.

Menos produção eólica

Enquanto a capacidade instalada do grupo aumentou ligeiramente em 2023, para 26.565 megawatts (MW), a produção recuou 8%, para 61.351 gigawatts hora (GWh), com as renováveis a pesarem 87% neste resultado.

Neste momento, a América do Norte representa 35% da potência instalada da EDP (só eólica e solar). A capacidade hídrica na Península Ibérica (onde ainda existem centrais a carvão e gás), representa 24% do total. Outras operações renováveis na Europa, Ásia e América Latina pesam 25%, 4% e 12%, respectivamente da capacidade de produção do grupo.

A empresa destaca ainda que a partir deste ano, a produção a carvão deverá representar “já menos de 1% da produção de electricidade e receitas totais”, até à sua eliminação, esperada em 2025.

Além de ter vendido já a maioria do capital da central térmica de Pecém no Brasil, com análise da conversão para combustão de gás, hidrogénio ou biomassa, a EDP vai converter a central de Aboño, em Espanha, para o gás natural e pediu às autoridades espanholas para encerrar as centrais a carvão de Soto 3 e Los Barrios.

Dívida aumenta

Face a Dezembro de 2022, a dívida líquida aumentou em dois mil milhões de euros, passando a fasquia dos 15 mil milhões de euros (15.319 milhões) no final de 2023. A empresa refere que o aumento da dívida reflecte “a aceleração do investimento em renováveis e redes de electricidade, bem como a aquisição dos minoritários da EDP Brasil (€1,1MM)”.

Os custos financeiros “mantiveram-se nos 910 milhões, ainda que o custo médio da dívida tenha tido um aumento de 65 bps [pontos base] para os 5,0%, impulsionado sobretudo pelo EUR [euro] e USD [dólar dos EUA], mitigado pelo aumento em outras receitas financeiras”.

A EDP vai entregar aos accionistas cerca de 63% do resultado, através da distribuição de um dividendo de 0,195 euros por acção, “em linha com a política de dividendos estabelecida no plano estratégico 23-26”.

A empresa pagou este ano ao Estado menos dinheiro da contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE): foram 49 milhões de euros, que comparam com os 52 milhões de euros de 2022.

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