Cantor palestiniano pode representar a Islândia na Eurovisão

Bashar Murad disputará a final do concurso islandês neste sábado com o tema Wild west. “Toda a gente está a politizar a minha existência, mas concorri de forma limpa e justa”, diz.

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Bashar Murad nasceu e vive em Jerusalém DR
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O cantor pop palestiniano Bashar Murad espera representar a Islândia no Festival da Eurovisão, em Maio, e levar uma voz da Palestina ao evento, que atrai milhões de telespectadores.

A Eurovisão, que decorre este ano de 7 a 11 de Maio na cidade sueca de Malmo, apresenta-se como um evento apolítico e pode desqualificar os concorrentes que infrinjam esta regra.

No entanto, o contexto político global pesa muitas vezes. O concurso vai ter lugar entre protestos e boicotes desencadeados pela guerra em Gaza, contexto que afectou vários eventos culturais um pouco por toda a Europa.

Os organizadores da Eurovisão tem resistido aos apelos para que Israel seja excluído da competição, mas anunciaram na semana passada estar a escrutinar a letra do tema que aquele país submeteu ao concurso, e as suas alegadas referências ao ataque de 7 de Outubro pelo Hamas.

A Islândia vai escolher o seu candidato no próximo sábado. Bashar Murad concorre na final nacional com uma canção co-escrita com Einar Stefansson, da banda islandesa Hatari, que no concurso da Eurovisão de 2019 ficou conhecida por agitar uma bandeira palestiniana.

"Queria ilustrar a quantidade de obstáculos que nós, como palestinianos, temos de atravessar para sermos ouvidos... somos excluídos de todas as plataformas mainstream", disse Murad à Reuters em entrevista.

De acordo com as regras da União Europeia de Radiodifusão (UER), que organiza o concurso, os participantes são escolhidos pelas estações de televisão nacionais que são membro da UER, em representação dos seus países. Não há concorrente da Palestina porque nenhuma estação televisiva palestiniana pertence à UER.

A Rússia foi banida da Eurovisão em 2022, após ter invadido a Ucrânia.

No concurso doméstico islandês que dá acesso à Eurovisão, são admitidos cantores de qualquer nacionalidade, desde que cantem em islandês na semi-final. Murad, que nasceu e vive em Jerusalém, confessa que foi difícil aprender a canção em islandês, mas encontrou na língua algumas semelhanças com o árabe.

Wild west, a canção com que disputará a final islandesa, fala de desafiar fronteiras e perseguir sonhos contra todas as adversidades, desvenda.

"Toda a gente tem teorias acerca da minha participação. E toda a gente está a politizar a minha existência quando na realidade sou apenas um humano que tem um sonho e que concorreu a esta competição de forma limpa e justa."

Questionado acerca da participação de Israel na Eurovisão, responde Israel: "Claro que não quero que o meu ocupante esteja lá. Mas o meu principal foco agora é ser capaz de levar, pela primeira vez na História, uma voz palestiniana ao palco principal."

Israel já venceu por quatro vezes o concurso da Eurovisão, que tende a ser vista como um barómetro da reputação internacional do país.

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