Oliver Glasner fez aparecer as vitórias no Crystal Palace

Após a saída antecipada de Roy Hodgson do comando técnico do clube londrino, o antigo adjunto de Roger Schmidt, na Áustria, entrou a ganhar na Premier League. E acredita que pode continuar a fazê-lo

Foto
Oliver Glasner no final do encontro com o Burnley Reuters/PETER CZIBORRA
Ouça este artigo
00:00
04:25

A frase parece ter sido ensaiada para o momento, não terá sido espontânea, mas foi o “lead” da apresentação de Oliver Glasner como novo treinador do Crystal Palace. “Não sou mágico, não sou o David Copperfield”, foi como se anunciou na Premier League o austríaco que substituiu Roy Hodgson no comando de uma equipa que só tinha vencido três dos seus últimos 18 jogos no campeonato. Mas, ao contrário do que disse, Glasner chegou e fez magia. Fez as vitórias aparecerem na sua estreia, um triunfo por 3-0 sobre o Burnley. Não seria um truque muito difícil de fazer porque foi contra o último classificado, mas chegou para contentar os adeptos.

O austríaco, que foi adjunto do benfiquista Roger Schmidt durante duas épocas no Red Bull Salzburgo, já era dado como treinador do Palace a partir da próxima época, mas a doença de Hodgson e os maus resultados averbados com o ex-seleccionador inglês levaram o clube a antecipar o futuro para o presente. O resultado imediato foi uma vitória do Crystal Palace, algo que já não se via há quase um mês, e sem grande contestação, com golos da autoria de Chris Richards (68’), Jordan Ayew (71’) e Jean Mateta (79’), e maior tranquilidade na classificação - 13.º lugar e 28 pontos, bem acima da zona de despromoção.

Treinar uma equipa de segunda metade da tabela na Premier League parece uma tarefa indigna para Glasner, que ganhou a Liga Europa com o Eintracht Frankfurt, em 2022. Mas estar na Premier League era mesmo um objectivo de carreira para o austríaco de 49 anos e, segundo notícias veiculadas em Inglaterra, terá inclusivamente recusado alguns convites de históricos em crise, como o Marselha, o Olympique Lyon e o Ajax. E ele terá sido influenciado para se mudar para o futebol inglês pelo seu mentor, Ralf Rangnick, que tutelou o início de carreira de Glasner no grupo Red Bull.

Glasner terá gostado do que ouviu do Palace, porque, historicamente, o clube londrino nunca foi campeão inglês, anda sempre aflito - também é verdade que já está na Premier League há 11 épocas seguidas - e oferece pouca segurança laboral aos seus treinadores. “Se eu tivesse medo de ser despedido, não tinha vindo para Londres. Tinha ficado na Áustria a fazer esqui. Acredito que podemos ganhar muitos jogos esta época e temos organização e jogadores para termos sucesso”, reforçou Glasner na apresentação.

O austríaco teve uma carreira com pouca projecção como jogador, um médio quase sempre ao serviço do SV Reid e que teve de deixar de jogar porque sofreu um derrame cerebral. Pouco depois, entrou no universo Red Bull, foi adjunto de Roger Schmidt em Salzburgo, passou a treinador principal no Reid e manteve o estatuto no LASK Linz, mudando-se depois para a Bundesliga alemã, primeiro com duas boas épocas no Wolfsburgo, depois com outras duas no Eintracht (onde conquistou a Liga Europa após uma final ganha nos penáltis sobre o Glasgow Rangers).

50 anos depois…

A chegada antecipada de Glasner aconteceu porque Roy Hodgson saiu pelo seu próprio pé antes do que estava previsto. E a sua saída será, provavelmente o final de carreira para este homem de 76 anos, depois de uma vida inteira dedicada ao futebol. Confirmando-se esse cenário, termina a carreira de treinador onde começou como aprendiz de futebolista em 1965. Nunca chegou a jogar na primeira equipa do Palace e nem chegou a ser futebolista profissional, mas foram mais de 50 anos como treinador.

Depois de algumas experiências como treinador-jogador no futebol amador, Hodgson saiu das ilhas britânicas e foi para a Suécia, onde seria quatro vezes campeão. Era o início de uma volta ao mundo para Hodgson. Passou pela Suíça (dois clubes e a selecção), Finlândia (selecção), Dinamarca, Noruega, Itália (Inter e Udinese) e Emirados Árabes Unidos (selecção), antes de voltar em definitivo a Inglaterra pela porta grande. Passou pelo Fulham, Liverpool e West Bromwich, antes de assumir a selecção inglesa durante quatro anos - esteve em dois Campeonatos da Europa e num Mundial, sem grandes resultados.

Da selecção inglesa, seguiu para o Crystal Palace, onde época após época conseguiu manter a equipa a competir na Premier League. Saiu em 2021, mas voltou em 2023 para ser o salvador e por lá se manteve até ter sido hospitalizado há poucos dias. Depois, confirmou em comunicado que ia sair, mas não confirmou a retirada.

Em Dezembro passado, ainda não dava nada por garantido. “Não quero fazer nenhuma grande declaração sobre se esta é a minha última época. Se não ficar aqui, será minha a decisão de querer que o meu nome seja considerado para outros empregos ou de me afastar graciosamente.”

Sugerir correcção
Ler 1 comentários