Carrega no nome uma história curiosa e bonita. Miguel, um dos filhos de João Carvalho, o produtor, não está directamente envolvido no negócio do vinho, mas tem há vários anos um hobby que, entretanto, virou assunto sério. Nas horas livres, é apicultor. E, há alguns anos, pegou nas suas colmeias, levou-as para a propriedade de Belmonte e colocou-as junto à vinha de um hectare de onde sai este 100% Alfrocheiro. Em regime de produção integrada, a vinha tem o selo de qualidade de um insecto polinizador muito sensível, essencial para garantir a saúde dos nossos ecossistemas e que tem, desde o ano passado, um Dia Mundial.

Histórias de baptismo à parte, este Alfrocheiro da Quinta dos Termos é um vinho interessantíssimo, complexo, que nos fala da casta e do terroir da Cova da Beira e que evoluiu na garrafa que é uma maravilha — encontrámos, e provámos primeiro, a colheita de 2018 (no produtor, já não há) no Cantinho d’Aldeia, um bar-loja muito simpático no Sabugueiro. Desse passeio por uma serra da Estrela sem neve, resultou outra boa surpresa: as produções do sopé da serra — do Dão e da Beira Interior — estão muito bem representadas nas cartas de vinhos de vários espaços.

A Quinta dos Termos fica em Belmonte e é o outro negócio do empresário têxtil João Carvalho e da sua família. A vindima de 2001 deu à garrafa os primeiros vinhos de uma casa, que, nos últimos anos abraçou outros desafios a Norte e a Sul daquele território, respectivamente com a Quinta do Pocinho (uma aquisição recente, de 2019, em Vila Nova de Foz Côa, Douro) e a Herdade do Lousial (em Castelo Branco e adquirida em 2015).

De João Carvalho — primeiro presidente da Comissão Vitivinícola Regional — é preciso dizer também que foi, é, um visionário, desde logo na aposta em castas esquecidas como o Rufete, a Callum ou a Fonte Cal. Pedro, o seu outro filho, hoje com responsabilidades na empresa familiar e um dos nomes que assina os vinhos da casa, ao lado do consultor Virgílio Loureiro, explica que o ‘mercado’ serra da Estrela foi um dos primeiros onde se impuseram e onde ainda hoje fazem, em muitos casos, distribuição directa. E recorda que levar a região a sentir orgulho dos seus vinhos “foi uma grande guerra” do pai. "Havia um grande problema de auto-estima, e ainda há”, observa.

Grande parte da área da Quinta dos Termos é serra — e, já agora, uma das plantas que por lá cresce sem dar cavaco é o rosmaninho, a preferida das abelhas de Miguel. Os Carvalho trabalham com mais de 30 castas e produzem mais de 30 referências, o número exacto está sempre a mudar. E este Vinha das Colmeias surgiu em 2015 e vai na sexta edição.

De um rubi profundo, cheira a serra, a fruta negra – amora, e num registo mais maduro que o 2018, porventura culpa de um 2021 mais quente –, a plantas silvestres – o 2018 cheira-nos a urze e a pinheiro – e a especiarias. Na boca, é encorpado, mas fresco, envolvente e aveludado. Persistente. Um vinho de conforto e de lareira, do qual se produziram 9.600 garrafas.

Nome Quinta dos Termos Reserva Vinha das Colmeias Tinto 2021

Produtor Quinta dos Termos

Castas Alfrocheiro

Região Beira Interior

Grau alcoólico 13,5%

Preço (euros) 15 (PVP recomendado)

Pontuação 92

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova De um rubi profundo, cheira a serra, a fruta negra – amora, e num registo mais maduro que o 2018, que também provámos e nos encheu as medidas, porventura culpa de um 2021 mais quente –, a plantas silvestres – o 2018 cheira-nos a urze e a pinheiro – e a especiarias. Na boca, é encorpado, mas fresco, envolvente e aveludado. Persistente. Um vinho de conforto e de lareira, do qual se produziram 9.600 garrafas.