Políticas à volta, pandemias no centro

A preparação de todos para uma nova eventual pandemia implica a intervenção de mais propostas políticas, extensíveis a todos os partidos.

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No meio da agitação política que envolve sempre as eleições, é preciso não esquecer que a OCDE está em grande atividade. O Secretariado Internacional de Preparação para Pandemias lançou, em Roma, o terceiro relatório anual sobre a Missão de 100 Dias para preparação para pandemias. Se pensarmos em 100 dias, olhamos para uma limitação temporal de três meses.

Os membros desta organização defendem a necessidade de uma ação sustentada para prevenir futuras pandemias. Alertam que se deve resistir à chamada “fadiga pandémica”. Sublinham estes especialistas que o mundo não pode permitir-se a outra pandemia do tipo covid-19 ou pior, em termos de vidas perdidas, danos económicos e pressão sobre os sistemas de saúde.

Os líderes da Missão dos 100 Dias estabeleceram as principais quatro grandes prioridades para 2024, incluindo a coordenação, financiamento, alinhamento regulamentar e infraestruturas. A ver: 1) maior coordenação e investimento no pipeline terapêutico, para operacionalizar o Roteiro Terapêutico da Missão 100 Dias; 2) financiamento suficiente para implementar a estrutura de diagnóstico; 3) maior alinhamento regulatório e adoção de abordagens regulatórias preparatórias; 4) fortalecimento da infraestrutura sustentável de ensaios clínicos regionais e globais.

Talvez aqui seja importante acrescentar a vontade e decisão política que devem enaltecer o investimento nos esforços das organizações de saúde decisoras e regulamentares, como a Direção-Geral da Saúde, e operacionais, como as Unidades Locais de Saúde, para além dos consultores que os partidos políticos têm vindo a indicar. São, de facto, muito importantes alguns deles, pelo peso que têm nos sistemas e na sua atual ou passada participação política.

Mas não esqueçamos que são as organizações, depois, em cascata, que vão implementar e ativar as soluções e esta preparação para uma nova eventual pandemia. Os indivíduos, famílias e profissionais devem assimilar mais competências, sobretudo as que envolvem a resiliência psicológica ao afastamento. Afinal, a solidão tem efeitos muito perniciosos na mente e corpo das pessoas, apontam vários estudos recentes.

Os jovens e as pessoas mais velhas, em particular, merecem um cuidado especial devido a alguma fragilidade: por um lado, a formação e consolidação da sua personalidade, por outro, e nos mais velhos, o risco da solidão na sua qualidade de vida.

A preparação de todos implica a intervenção de mais propostas políticas, extensíveis a todos os partidos. Isto porque a saúde, ou a falta dela, não escolhe partidos. E isto deve ser falado na política porque se trata da saúde e da sobrevivência de todos, potencialmente.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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