Vitória “esvaziou a piscina” ao Benfica na I Liga

Trubin foi decisivo para o Benfica, que poderia ter sido bem mais infeliz se não fosse o desempenho do seu guarda-redes. Arthur Cabral voltou a ser fulcral, mesmo tendo começado no banco.

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Vitória e Benfica em duelo no Minho Reuters/MIGUEL VIDAL
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​Vitória SC e Benfica tiveram, neste domingo, um encontro que ficou a meio caminho entre pólo aquático e futebol. A chuva intensa alagou o relvado, prendeu a bola e o Vitória acabou por “esvaziar a piscina” ao Benfica, que vinha de sete triunfos consecutivos na I Liga e “nadou” em falso no Minho. O empate (2-2) não é sequer um resultado desprovido de nexo, como são, não poucas vezes, os desaires dos “grandes”.

O Vitória criou muito mais perigo, teve um valor de golos esperados bem superior e adaptou-se bastante melhor à “piscina” em que recebeu o Benfica. E não fosse o jogo tremendo de Trubin e os “encarnados” teriam saído do Minho com um resultado bem pior.

No Minho houve, em geral, mais luta do que futebol. O relvado estava encharcado e a bola travava a cada passe feito. Houve, nessa medida, dificuldades das equipas para explanarem o seu futebol, ainda que tenhamos visto um jogo muito entretido, rápido, disputado e com algumas dinâmicas tácticas interessantes.

Roger Schmidt optou por não lançar nenhum ponta-de-lança de raiz, dando essa missão a Di María e Rafa, que iam passando pela posição. A ideia poderá ter sido não dar aos três centrais minhotos uma referência de marcação, algo que com Arthur Cabral seria mais fácil de anular, pela superioridade numérica.

Sem bola, o Benfica tinha duas opções: ou colocava os alas Aursnes e João Mário a saírem nos centrais mais abertos do Vitória ou dava-os “de borla” e baixava os alas para encaixarem nos laterais dos minhotos. A opção foi quase sempre a primeira, algo que dava ao Vitória bastante espaço para explorar os seus laterais em largura, até porque Bah e Morato estiveram sempre comedidos na zona de pressão em que apostavam.

A equipa minhota teve vários lances de transições perigosas, quase sempre criadas por esse espaço que Gaspar e Mangas conseguiam ter – ainda que mais o primeiro do que o segundo.

Trubin foi chamado a defender três bolas de golo, mas nada pôde fazer aos 35’, no penálti convertido por Tiago Silva – a infracção foi fruto de um lance confuso, num canto, com contributo da água no relvado.

O Benfica teve um remate perigoso de Kokçu, mas, em geral, foi menos perigoso. Até que aos 40’ se deu uma das primeiras vezes em que o Vitória baralhou referências de marcação. Mangas foi atraído a uma zona mais alta e não recuperou a tempo de evitar que o Vitória defendesse apenas com quatro jogadores.

São suficientes? Poderiam ser. Mas depois de 40 minutos a defender a cinco, os centrais foram claramente apanhados de surpresa pela saída de Mangas e deixaram Di María sozinho, com espaço para um cruzamento de trivela para o desvio de Rafa ao segundo poste.

Golo e expulsão

Para a segunda parte Schmidt, terá percebido que a ideia inicial de aproveitar o relvado rápido para Rafa não era feliz. O relvado estava mais empapado do que rápido, pelo que Arthur Cabral não seria um empecilho.

O brasileiro entrou e levou consigo Florentino, dando ao Benfica uma dupla mais forte para um jogo de duelos físicos e bolas divididas. Cabral dava ainda “remate fácil” num jogo em que bolas confusas na área poderiam dar situações de finalização.

Imune a dinâmicas tácticas estava Trubin, que continuava o “festival” de defesas. Até não dar mais. Aos 61’, o Benfica voltou a sofrer pela largura. O Vitória atraiu os “encarnados” a um lado e rodou rapidamente para a ala oposta, com espaço para Gaspar. O lateral soltou Jota e o português assistiu André Silva.

Este lance teve outra curiosidade, que é ter tido os jogadores do Benfica atrasados em todos os duelos – algo que não foi inédito neste jogo, sobretudo pela forma como os médios “encarnados” pressionavam avidamente o portador da bola, numa base quase de referência individual, mas mal coordenada colectivamente.

Aos 65’, Borevkovic cometeu uma falta grosseira num carrinho e foi expulso, definindo o que seria o resto da partida: Vitória a defender baixo e Benfica a tentar entrar por onde conseguisse. Para não destoar, Trubin não passou muito tempo sem evitar outro golo – já era a quarta oportunidade flagrante do Vitória.

E aos 90’, numa fase de relativo desespero "encarnado", um cruzamento de Di María encontrou a cabeça de Arthur Cabral, que salvou o Benfica de problemas mais graves.

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