Geração TV

Enfim, a São era apenas mais uma pessoa sentada num mundo de pessoas sentadas.

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Quando saía do emprego e chegava a casa, a São sentava-se no sofá de napa laranja, esburacado pelas beatas, a ver a telenovela ou o Dallas ou qualquer outro sucedâneo da vida: naquele tempo havia uma geração que achava que a televisão estupidificava, tal como, umas décadas depois, a geração estupidificada iria ter o mesmo discurso relativamente a outras formas de entretenimento. Uma notícia haveria mais tarde de confirmar a perda de massa cinzenta como resultado do consumo televisivo, mas seria uma péssima interpretação de um estudo científico: o problema, concluiu o tal estudo, era a falta de movimento, a vida sedentária, não era a televisão, ainda que esta seja um grande promotor da vida sentada (piorando com o aparecimento do telecomando). Na verdade poderíamos igualmente dizer que passar horas num escritório, à frente duma secretária, estupidifica, o que nos deveria obrigar a repensar a forma como vivemos. Outro exemplo: andar várias horas de carro por dia estupidifica. Enfim, a São era apenas mais uma pessoa sentada num mundo de pessoas sentadas.

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