Depois de uma subida nos lucros, Hermès prepara-se para aumentar os preços

Neste ano, a etiqueta francesa planeia aumentar os preços entre 8% e 9% a nível mundial, para compensar os custos de produção mais elevados.

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A mala Birkin é um dos modelos mais icónicos da marca francesa Reuters/ROSELLE CHEN
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A Hermès, conhecida pelas malas Birkin, anuncia nesta sexta-feira que aumentará os preços novamente este ano, depois de as vendas terem disparado 17,5% no quarto trimestre de 2023. O crescimento não é nada que a marca não estivesse habituada, confirmando o histórico de superar os rivais mesmo quando as condições económicas dos consumidores se deterioram.

As acções da empresa abriram 4,2% mais altas, depois de serem conhecidos os dados das vendas dos últimos três meses de 2023, que totalizaram 3,36 mil milhões de euros — um aumento de 17,5% e acima das expectativas de crescimento de 14%, de acordo com as estimativas da Visible Alpha.

Tendo em conta o lucro, a Hermès informa que vai pagar um bónus de quatro mil euros a cada um dos seus mais de 22 mil empregados em todo o mundo.

Neste ano, a etiqueta francesa planeia aumentar os preços entre 8% e 9% a nível mundial, avança ainda o presidente executivo, Axel Dumas, aos jornalistas. Em 2023, a Hermès aumentou os preços em cerca de 7%, para compensar os custos de produção mais elevados. O aumento foi homogéneo em todo o mundo, com excepção dos EUA, onde foram de cerca de 3%, e do Japão, onde alcançaram os dois dígitos devido às flutuações cambiais.

A Hermès tornou-se uma das empresas mais consistentes da indústria de bens de luxo graças ao seu design clássico e à gestão cuidadosa da produção e dos stocks, o que ajuda a manter a aura de exclusividade da marca.

“A Hermès está a jogar numa liga diferente”, afirmam os analistas do JPM em comunicado. “Mostram hoje, na nossa opinião, o que é superar as expectativas dos clientes”, referem, apontando para a forte dinâmica da marca e para os fortes retornos para os accionistas. Já os analistas do Citi dizem: “A Hermès está bem posicionada em 2024.”

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Desfile da Hermès na Semana da Moda de Paris Reuters/STEPHANIE LECOCQ

A marca de luxo francesa registou um forte crescimento em todas as regiões e sinalizou um crescimento “dinâmico” na China, onde os investidores se têm preocupado com a recuperação vacilante pós-pandemia. “Não houve interrupção nas tendências”, sublinha Axel Dumas, observando que, embora tenha notado um menor movimento nos centros comerciais na China durante a última viagem ao país no quarto trimestre, “isso não se reflecte nos números”.

A Hermès tem uma avaliação mais elevada do que os grupos de luxo rivais. O rácio preço/lucro a 12 meses, baseado nos lucros projectados, é de 47,7, de acordo com os dados da LSEG. Um número que se compara com o do LVMH, que é de 24,2, e o do Kering, que é de 15,6.

As malas, como o cobiçado modelo Birkin de mais de dez mil euros, são acessíveis apenas aos consumidores mais ricos — normalmente imunes à inflação e a crises económicas.

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