El Niño abranda, La Niña deverá começar a instalar-se na segunda metade de 2024

O padrão El Niño, que trouxe tempo quente e seco na Ásia e chuvas mais intensas, deverá dar lugar a condições neutras entre Abril e Junho de 2024. Depois, segue-se a influência de la Niña.

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La Niña poderá trazer mais precipitação para a Austrália, Sudeste Asiático e Índia e tempo mais seco para as regiões produtoras de cereais e oleaginosas das Américas Katharine Vogell?
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O padrão climático La Niña, caracterizado por temperaturas anormalmente frias no Oceano Pacífico, pode surgir no segundo semestre de 2024, após um forte ano de El Niño, disse um meteorologista do governo dos EUA na quinta-feira.

Este padrão traz normalmente maior precipitação para a Austrália, Sudeste Asiático e Índia e tempo mais seco para as regiões produtoras de cereais e oleaginosas das Américas.

"Embora as previsões efectuadas durante a Primavera tendam a ser menos fiáveis, existe uma tendência histórica para que o La Niña se siga a fortes eventos El Niño", afirmou o Centro de Previsão Climática (CPC) do Serviço Meteorológico Nacional.

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Previsão probabilística até ao trimestre de Julho, Agosto e Setembro de 2024, feita pela Administração para o Oceano e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês) em Dezembro de 2023 CPC/NOAA

O actual padrão meteorológico El Niño, que provocou tempo quente e seco na Ásia e chuvas mais intensas do que o habitual em partes das Américas, deverá dar lugar a condições neutras entre Abril e Junho de 2024, segundo o CPC.

O CPC afirmou na sua previsão mensal que existe uma probabilidade de 55% de as condições La Niña se desenvolverem entre Junho e Agosto.

Mau para os EUA e bom para a Índia

"É provável que o La Niña afecte a produção de trigo e milho nos EUA e de soja e milho na América Latina, incluindo o Brasil", afirmou Sabrin Chowdhury, directora na BMI, uma companhia que trabalha na análise de riscos.

No ano passado, a Índia, o maior fornecedor mundial de arroz, restringiu as exportações do produto de base na sequência de uma monção fraca, enquanto a produção de trigo do segundo exportador, a Austrália, foi afectada. As plantações de óleo de palma e as explorações de arroz no Sudeste Asiático receberam menos chuvas do que o normal.

"O desenvolvimento do La Niña é benéfico para a monção indiana. Normalmente, a monção produz chuvas abundantes durante os anos de La Niña", disse um funcionário do Departamento Meteorológico da Índia.

A monção de Junho-Setembro, que é vital para a economia indiana de 3 biliões de dólares, traz quase 70% da chuva de que o país necessita para regar as culturas e reabastecer os reservatórios e os aquíferos.

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