HBO volta atrás e afasta actor de The White Lotus devido às suas ligações à Rússia

O sérvio Milos Bikovic, que já entrou em vários filmes russos e tem dupla nacionalidade, considera a decisão “o triunfo do ridículo e a derrota da arte”.

Foto
Milos Bikovic em 2015 numa conferência de imprensa, em Moscovo, sobre o filme russo Without Borders, cujo elenco integrou KRISTINA NIKISHINA/GETTY IMAGES
Ouça este artigo
00:00
02:14

A HBO anunciou no último sábado que Milos Bikovic, actor sérvio com nacionalidade russa, já não vai entrar na próxima temporada da sua série de sucesso The White Lotus, cujas rodagens deverão arrancar este mês na Tailândia. O anúncio de que Bikovic passaria a integrar o elenco desta produção altamente premiada foi recebido com protestos pelo gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, que, numa publicação no X (antigo Twitter), acusou o actor de ser um apoiante do “genocídio”, alguém que “tem estado a apoiar” Moscovo “desde o princípio da invasão” do território ucraniano.

Citado pela agência France-Presse, Bikovic considerou a decisão “o triunfo do ridículo e a derrota da arte”. Já a HBO limitou-se a adiantar que decidiu desassociar-se do actor e que procurará outro para interpretar o papel que lhe estava destinado, não se alongando em justificações.

O actor de 36 anos já entrou em vários filmes russos, como Sunstroke (2014), de Nikita Mikhalkov; Ice (2018), de Oleg Trofim; Beyond the Edge (2018), de Aleksandr Boguslavskiy e Francesco Cinquemani; The Balkan Line (2019), uma co-produção servo-russa de Andrey Volgin; e Serf (2019), de Klim Shipenko. Em 2018, numa cerimónia ocorrida no Kremlin, o Presidente russo Vladimir Putin ofereceu a Milos Bikovic uma Medalha de Púchkin, que distingue contributos relevantes para a cultura do país.

Três anos mais tarde, foi concedida nacionalidade russa ao actor. “É uma grande honra dizer hoje: a Rússia é a minha pátria”, escreveu no Instagram nessa altura. Bikovic já admitiu publicamente, em diversas ocasiões, ser um admirador de vários aspectos da cultura do país. Em 2019, disse que havia sido banido de entrar na Ucrânia por questões de segurança nacional.

Este fim-de-semana, numa publicação no X, o actor aludiu aos conflitos na antiga Jugoslávia, que constituíram o pano de fundo da sua adolescência, para se afirmar contra quaisquer conflitos. “Cresci num país dividido pela guerra. Aos 11 anos, enfrentei dias e noites em abrigos enquanto a minha pátria e a minha cidade natal eram bombardeadas. Nunca seria capaz de desejar tal devastação a ninguém”, escreveu.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários