Boban deixa UEFA em desacordo com alteração à lei dos mandatos

Chefe do futebol contesta intenção de alargar para 12 anos o limite das funções do presidente do organismo.

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Trata-se de uma demissão que é, ao mesmo tempo, uma manobra de contestação. Zvonimir Boban, antiga lenda do desporto croata, anunciou nesta quinta-feira que vai abandonar o cargo de chefe de futebol da UEFA na sequência de uma proposta de alteração de estatutos do organismo que permitirá ao presidente, Aleksander Ceferin, manter-se em funções para um terceiro mandato.

"É com tristeza e com o coração pesado que anuncio que não tenho outra opção senão deixar a UEFA. Não estou a tentar ser uma espécie de herói, especialmente porque não estou sozinho com este pensamento", manifestou Boban, em comunicado.

Os actuais regulamentos estipulam um limite máximo de 12 anos na presidência, um artigo introduzido pelo próprio Ceferin em 2017, aquando da aprovação de um pacote reformista. Agora, Boban acredita que o dirigente esloveno está a preparar as bases de uma nova candidatura, assim que o seu actual mandato terminar, em 2027.

"Falei com o presidente da UEFA sobre o problema que ocorreu na última reunião do comité executivo, em Hamburgo - a proposta de alterar os estatutos da UEFA, para permitir a Ceferin concorrer novamente quando o mandato acabar. Depois de mostrar a minha preocupação e o meu desacordo face à proposta, o presidente respondeu que não vê nenhum problema ético ou legal e que irá prosseguir com a ideia", escreveu Boban na rede Telegram, citado pelo jornal The Guardian.

Assumindo que a posição que assumiu poderá ser ingénua, o antigo futebolista croata explica que não pode contrariar os valores em que acredita. "Tenho pena e estou triste, mas vou deixar a UEFA", rematou.

Do lado do organismo que rege o futebol europeu, esta separação foi anunciada como uma saída "por mútuo acordo". "Boban juntou-se à UEFA em 2021 como chefe do futebol e iniciou vários projectos de desenvolvimento técnico, incluindo a criação de um comité para o futebol e um fórum para a formação", anunciou em comunicado.

Zvonimir Boban, um dos mais talentosos jogadores da ex-Jugoslávia (primeiro) e da Croácia (depois), também já tinha sido crítico face à ideia da FIFA de organizar um Mundial a cada dois anos. Agora, sai de cena semanas antes do Congresso da UEFA, marcado para 8 de Fevereiro.

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