António Mão de Ferro faz, em Back, uma viagem às suas raízes no rock e no blues

No seu quinto álbum, Back, o guitarrista e compositor quis reflectir as suas vivências musicais. E tem como convidados os guitarristas B.J. Cole, Gerald Calhoun e Fernando Nascimento.

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António Mão de Ferro CARLOS COPEK
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Ao quinto álbum, o guitarrista e compositor António Mão de Ferro quis fazer uma viagem sonora por todo o seu percurso e deu-lhe um nome apropriado: Back. Começou por ser anunciado, ainda em Junho de 2023, com um single do tema-título, associado a um videoclipe que recebeu vários elogios, realizado por Paulo Ferreira, da PTlapse; e, no mesmo dia em que o disco chegava às plataformas digitais, era acompanhado por um novo videoclipe, Old times, este realizado por Alberto Almeida. Com concertos pensados a partir do Verão e até final do ano, Back sucede a Karma Train (2010), Somewhere (2015), António Mão de Ferro (2017) e Lunatic (2021).

“O disco reflecte muito as minhas vivências, desde o início da minha carreira, daí o nome que lhe dei, Back”, diz o guitarrista ao PÚBLICO. Nascido no Porto, a 25 de Junho de 1976, António Mão de Ferro fez deste disco uma viagem: “Fui buscar às minhas raízes iniciais, quando comecei a tocar, às fortes influências do rock, do blues. Claro que vamos amadurecendo as ideias, mas este disco é um buscar das coisas mais antigas, com um toque bastante melhorado e aprimorado.”

Desta vez, o mote para as letras partiu do próprio António Mão de Ferro, com a participação de Bernardo Fesch, que costuma trabalhar com ele na escrita: “Eu fiz as letras, a temática da música, e do Bernardo esteve a corrigir e a acrescentar palavras.” A esta dupla, juntou-se Kiko Pereira na canção Back, o primeiro single a ser divulgado. Além de Bernardo Fesch, nas letras e no baixo, António contou neste disco com o seu irmão Diogo Mão de Ferro (guitarra “slide”), Diogo Santos (teclado) e Leandro Leonet (bateria), e tem como convidados o guitarrista britânico B.J. Cole (que tocou, entre muitos, com Elton John, Humble Pie, Cat Stevens, Uriah Heep, Procol Harum, Björk ou R.E.M.), o baixista norte-americano Gerald Calhoun (Kashmere Stage Band) e o guitarrista português Fernando Nascimento, que fez parte do histórico grupo portuense Arte & Ofício.

B.J. Cole toca guitarra “slide” na faixa-título, Back, enquanto Gerald Calhoun toca baixo eléctrico em Crazy town. Foram duas participações sugeridas por ligações musicais anteriores, diz António: “Quando gravei com o Kiko Pereira o álbum Threadbare [de Kiko & the Blues Refugees], onde o B.J. Cole participou, surgiu a oportunidade de fazer uns concertos com ele aqui em Portugal. E conhecendo o B.J. pessoalmente, como guitarrista, entendemo-nos bem, tornámo-nos amigos e lembrei-me, quando estava a preparar este álbum, que era interessante ter a participação dele. Ele gostou muito da música e aceitou. Quanto ao Gerald, já esteve em Portugal há uns anos, a fazer uma tour com o seu projecto a solo, e nessa altura contratou-me para tocar com ele. Inclusive, estive a gravar em dois álbuns dele. Também me lembrei dele, para este disco, e foi uma honra tê-lo a tocar aqui. Tal como o B.J. Cole, o Gerald também tem uma carreira invejável.”

Quanto à participação de Fernando Nascimento, guitarra solo no tema que fecha o álbum, Shine, surgiu de um cruzamento de admirações antigas. “Esse tema é um tributo ao meu ídolo, que neste caso é o David Gilmour [Pink Floyd]. Como eu gostava muito de ouvir o Fernando na guitarra, lembrei-me de o convidar para participar neste tema, já que tinha que ver com a guitarra.” Há um outro tema que convoca, como inspiração, o trabalho de outro conhecido guitarrista, diz António: “Nos solos de guitarra em Crazy town inspirei-me no Jeff Beck, um dos guitarristas que adoro. Amo todo o trabalho que ele fez e essa música faz lembrar o Jeff Beck, pela sonoridade.”

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A capa do disco

Para António Mão de Ferro, este seu novo disco mostra um amadurecimento maior do seu trabalho. “Sem dúvida”, reconhece. “Não só musicalmente como a nível de produção e de som, bastante melhor do que nos meus álbuns anteriores. É talvez o disco que me deu mais gozo gravar. É um disco que me orgulho de ouvir e os convidados vieram ajudar a que soasse desta forma.”

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