Das janelas

Inventarão tecnologia para que existam bufos melhores, ouvirão tudo o que dizes.

— É isso, São, vais trabalhar, vais fazer o que quiseres, és uma mulher repleta de liberdade. A coisa dá-se, meu futuro cadáver, o porvir é sempre mais benigno para a sociedade do que o passado, mas por vezes pouco gentil com o indivíduo, faz parte. Isto pode parecer triste para cada um em particular, mas por isso inventámos a eternidade, porque ninguém acredita que a sua vida pequenina caiba numa vida tão pequena, precisamos de mais tempo, muito mais, para estender a pequenez do dia-a-dia. Podíamos ter imaginado um futuro mais modesto, um Céu onde se viveria uns anos mais, umas décadas, até uns séculos, mas não, fomos com tudo, até ao inconcebível, até à eternidade. Só nos contenta o tempo infinito. Que espécie, hã? Não é brincadeira nenhuma ser humano, uma pessoa vai até ao fundo da destruição, vai até ao fundo da beleza, vai até ao fundo do tempo, é uma questão de paciência e teimosia. Agarra-me, São, que o mundo está às voltas.

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