O FC Porto, “movido a gasóleo”, bateu um Desp. Chaves de “motor híbrido”

Os portistas não tiveram, em geral, um desempenho de alto nível, mas, apesar de demorarem a arrancar, acabaram por fazer por vencer a partida. Ainda assim, sofreram mais do que seria suposto.

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FC Porto e Chaves em duelo no Dragão Reuters/MIGUEL VIDAL

Nesta sexta-feira, no triunfo por 1-0 frente ao Desportivo de Chaves, o FC Porto, movido “a gasóleo”, demorou a arrancar e nem sempre teve velocidade no seu jogo. Já os flavienses levaram ao Dragão um “carro híbrido”, com uma mutação táctica permanente – e propositada –, que acabou por criar confusão na equipa.

No fim de contas, o “gasóleo” superou o “híbrido” e dá-se uma conclusão curiosa. O sistema propositadamente híbrido no momento defensivo foi o que permitiu ao Desp. Chaves controlar as várias soluções do FC Porto – entre linhas, largura e profundidade.

Mas também foi esse perfil de mutação permanente que permitiu aos portistas chegarem ao golo, num momento de confusão e descoordenação no Desp. Chaves que deu espaço até então nunca existente.

Pouco perigo

Na primeira parte, FC Porto e Desp. Chaves ofereceram um jogo praticamente “sem balizas”. A partida teve sentido único, com os “dragões” em permanente processo ofensivo no meio-campo adversário, e isso empurrou o Desp. Chaves para uma posição muito recuada.

Apesar de sofrer muitos golos e de até alinhar quase sempre com uma linha de cinco defensores, o Desp. Chaves nem é das equipas que mais tempo passa no seu terço do campo. Nessa medida, foi curioso ver a dinâmica que Moreno criou ao abdicar da habitual linha de cinco e levar uma defesa a quatro – porventura a querer mudar algo pelos golos sofridos.

O plano era, no entanto, meramente teórico. Na prática, o desenho não só tinha cinco defensores como até chegava a ter seis – com os laterais do FC Porto tão avançados, os alas do Desp. Chaves recuavam ao ponto de serem segundos laterais.

A permanente permuta entre 4x5x1, 5x4x1 e 6x3x1 criou alguma indefinição nos espaços que o FC Porto teria para explorar, por nunca saber se o espaço seria entre linhas, quando Guima recuava para a linha defensiva, ou na largura, quando era uma defesa a quatro. Mas este tipo de solução híbrida também colocava o Desp. Chaves em permanente risco de descoordenação entre os jogadores no controlo do espaço.

Para fortuna transmontana, isso só aconteceu duas vezes: aos 41’, na única vez em que Pepê recebeu e rodou entre linhas, aproveitando o atraso de Guima, e aos 44’, quando um passe de lateral a lateral encontrou Rúben Ribeiro “a dormir” e deu a João Mário espaço para criar perigo. A jogada acabou com remate de Pepê e corte de João Correia perto da linha de baliza.

Nova falha de Rúben Ribeiro

De resto, esta defesa híbrida do Desp. Chaves ia chegando para as encomendas, até por o FC Porto ter abdicado de ter alas puros, com Pepê e Franco em posições interiores, mas sem capacidade de os alimentar. E nas alas a aposta era, sobretudo, na direita, com João Mário, cujas acções individuais eram barradas por Langa, lateral muito forte no um contra um defensivo.

Aos 58’ aconteceu o que os adeptos do Desp. Chaves mais poderiam temer: a tal descoordenação num sistema defensivo de mutação permanente. Habituado a ter Rúben Ribeiro a ajudá-lo, Langa, sem o apoio do português, foi apanhado a defender muito por dentro numa jogada na zona central, dando espaço ao FC Porto para servir João Mário na largura, para um remate de pé esquerdo.

Com o jogo desbloqueado, o FC Porto teve espaço para explorar e incutiu velocidade com Galeno, somando três oportunidades de golo em poucos minutos.

Quando se esperava controlo com bola, a equipa portista deixou o jogo partir e expôs-se mais do que seria recomendado, mas a vantagem manteve-se, apesar do perigo do Desp. Chaves num par de vezes, numa das vezes a acertar no ferro da baliza à guarda de Diogo Costa.

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