Antes de perder outra vez, o Burnley agradeceu a Sean Dyche

O Everton continua a recuperar da penalização de dez pontos e já vai em quatro vitórias consecutivas. Desta vez, ganhou à ex-equipa do seu treinador.

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Reuters/MOLLY DARLINGTON
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“Aqui, Sean Dyche vai beber sempre de borla.” Foi a promessa feita em tempos pelos donos do “The Princess Royal”, um pub em Burnley que fica a cerca de 500 metros do Turf Moor, campo de equipa que concentra as atenções desportivas desta cidade do Norte de Inglaterra com 70 mil habitantes. De certeza que a promessa se manterá, mesmo depois de Dyche ter regressado pela primeira vez a Burnley desde que fora despedido em Abril de 2022. Dyche regressou como treinador do Everton e ganhou, mas antes disso os adeptos da equipa que seria sua adversária receberam-no de pé e com palmas.

Foi assim que aconteceu o reencontro entre o Burnley, último classificado da Premier League, e o seu ex-treinador, que conseguiu tirar o Everton do buraco onde caíra após a penalização de dez pontos por irregularidades financeiras. Na visita a Turf Moor, os “toffees” chegaram à sua quarta vitória consecutiva, um 0-2 feito na primeira parte com golos de Onana (19’) e Keane (25’), num jogo que teve participação portuguesa na segunda parte – Beto entrou aos 82’, Virgínia e Chermiti não saíram do banco. O triunfo deixou o Everton no 16.º lugar, com 16 pontos, e, se não tivesse tido o castigo, estaria em oitavo.

Quanto ao Burnley, continua a somar derrotas atrás de derrotas (13 em 17 jornadas) e continua agarrado ao último lugar, com 8 pontos, tal como o Sheffield United. Bem longe do que fez na época anterior, em que dominou o Championship sob o comando de Vincent Kompany. Agora, o técnico belga parece cada vez mais a prazo e sem soluções para evitar uma eventual descida ao segundo escalão.

Esta foi a primeira vez que Dyche regressou ao Turf Moor desde que foi despedido em Abril de 2022, depois de uma década de grandes serviços ao futebol da terra. “You’ll always be a claret [cor de vinho, alcunha do Burnley]”, foi o que os adeptos lhe gritaram, do fundo da memória de muitos grandes feitos entre 2012 e 2022. Quando Dyche chegou, o Burnley, um antigo campeão inglês, estava no Championship há quatro anos, mas, com ele ao comando, regressou de imediato à Premier League – foi nesta altura que o “Princess Royal” declarou bar aberto para Dyche, e, mais tarde, mudou o nome para “The Royal Dyche”.

É verdade que na época seguinte o Burnley voltou a cair no Championship, mas foi por pouco tempo. Dyche manteve-se ao comando e conseguiu nova promoção, para depois segurar a equipa na Premier League durante seis épocas consecutivas, uma delas com um sétimo lugar que valeu a qualificação para a Liga Europa – mas os “clarets” foram eliminados antes de chegarem à fase de grupos. Não sendo a proposta de futebol mais atractiva ou moderna, o estilo proletário de Dyche funcionou durante uma década no Turf Moor.

Durou até Abril de 2022. A poucas semanas de terminar a época, quando nova despromoção já parecia evidente, Dyche foi despedido. E ficou no desemprego durante vários meses até que o desesperado Everton o chamou para evitar a calamidade. Custou, mas foi bem-sucedido. E está a ser bem-sucedido na tarefa de animar Goodison Park na sua última época de portas abertas – o Everton terá estádio novo em 2024-25.

No regresso a Turf Moor, Dyche agradeceu a recepção, mas disse que tinha de ser profissional no presente e não sentimental com o passado. “Tive uma vida boa aqui em Burnley, dentro e fora do campo, conheço muita gente e agradeço a forma como me receberam, mas eu já estou noutra. Essa fase está arrumada”, disse após o triunfo do seu Everton. Por saber ficou se iria cumprir a promessa feita no dia anterior, de passar no “Royal Dyche” para beber uns copos. Não iria precisar de levar a carteira.

Se o Everton anda a ganhar jogos consecutivamente, o mesmo já não se pode dizer do Manchester City, que cedeu um empate (2-2) frente ao Crystal Palace depois de estar a ganhar 2-0. Jack Grealish e Rico Lewis deram a vantagem à equipa de Guardiola, mas os homens do veterano Roy Hodgson lutaram até ao fim e saíram do Ettihad com um ponto, graças a golos de Mateta e Olise. O City só conseguiu ganhar um dos seus últimos seis jogos da Premier League – quatro empates e uma derrota.

O dia da Premier League ficou ainda marcado pelo enorme susto sofrido por Tom Lockyer, que sofreu uma paragem cardíaca durante o Luton Town-Bournemouth. O capitão dos “hatters” foi socorrido de imediato no relvado e já tinha recuperado a consciência antes de ser encaminhado para o hospital. Lockyer, de 29 anos, já tinha sofrido um colapso semelhante no final da época passada, durante a campanha de promoção do Luton Town – foi-lhe detectada uma fibrilhação auricular, que terá sido corrigida com uma cirurgia. O jogo deste sábado foi interrompido e, mais tarde, o clube informou que o jogador encontra-se “estável e a ser submetido a exames complementares”.

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