Um país à nossa espera

O livro oferecia-lhe apenas tinta, um monte de palavras inexplicáveis, retorcidas num labirinto de significados e formulações: cada palavra pronunciada tinha o som de uma porta a fechar-se.

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Na serra, o Urso lia o livro que não compreendia, bichanando palavras ao mesmo tempo vazias e pesadas, de ar e de ferro. Aquele livro prometia tudo, até desvelar o sentido da vida, todo ele, e no entanto vedava-lhe a entrada, como o querubim e a espada de fogo que Deus decidiu colocar à entrada do Éden para que nenhum humano ali conseguisse regressar. O argumento racional, lia o Urso, “é um subproduto da emoção: qualquer convicção é, na sua substância, límbica, primeiro há uma inclinação intuitiva em relação a determinado assunto e posteriormente é montado o arrazoado necessário para corroborar essa inclinação prístina”.

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