Prefiro não

É preciso, é necessário, o progresso exige alguns sacrifícios que no final resultarão na mais bela sociedade: torturamos, mas com boa intenção.

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Uma experiência conduzida na década de 1960 por Stanley Milgram, e que haveria de ficar muito famosa, investigou a tendência humana de obedecer a autoridades, fardas, batas e batinas, mesmo quando a situação revela contornos moralmente inquietantes. Os participantes desta experiência, que não sabiam ser apenas uma encenação, tinham de administrar choques eléctricos a outra pessoa, aumentando sempre a intensidade destes, como lhes era ordenado, resultando num sofrimento cada vez maior da vítima (que era na verdade um actor). Se hesitavam, alguém vestido com uma bata branca aproximar-se-ia defendendo a tortura e o uso dos choques eléctricos, usando o argumentário «estamos aqui pelo bem da humanidade, há efeitos secundários, mas não se fazem omeletes sem partir ovos, se morrerem uns quantos é pela felicidade de milhões. O utilitarismo pensa em números, é preciso, é necessário, o progresso exige alguns sacrifícios que no final resultarão na mais bela sociedade: torturamos, mas com boa intenção».

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