Activista palestiniana Ahed Tamimi entre os prisioneiros libertados por Israel

Depois de três semanas presa sem julgamento, Ahed foi libertada na sequência do acordo entre Israel e o Hamas. Pelo menos 255 palestinianos foram mortos na Cisjordânia desde 7 de Outubro.

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Ahed Tamimi tem 22 anos Reuters
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A activista Ahed Tamimi está entre os 30 prisioneiros palestinianos libertados por Israel esta quarta-feira, 30 de Novembro, como parte do acordo feito entre Israel e o Hamas.

Tamimi, de 22 anos, tinha sido presa no início de Novembro. O ministro da Segurança Nacional israelita acusou-a de “incitar à violência e actividades terroristas”, devido a uma suposta publicação da activista nas redes sociais.

A mãe de Tamimi garante que a mensagem — “Vão dizer que o que Hitler vos fez foi uma piada” — não foi da autoria da filha. “Há imensas páginas com o nome e a foto da Ahed, com as quais ela não tem qualquer ligação”, garantiu, na altura. A publicação não está disponível e o perfil onde foi feita desapareceu.

Cerca de 200 palestinianos foram libertados na sequência da trégua, que começou a 24 de Novembro. O Hamas libertou 70 mulheres e crianças israelitas.

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O reencontro entre Ahed e a mãe Reuters

Durante as quase três semanas em que esteve presa na Damon Prison, Tamimi nunca foi formalmente acusada, como acontece recorrentemente com os presos palestinianos, que podem ser crianças ou adolescentes, em Israel. De acordo com um relatório das Nações Unidas de 2023, já foram presos aproximadamente um milhão de palestinianos desde 1967. À data do relatório, cerca de cinco mil estavam nesta situação e, desses, mais de mil não tiveram julgamento.

O advogado de Tamimi, Mahmoud Hassan, referiu, citado pelo New York Times, que a activista terá sido agredida durante a detenção e, depois disso, transferida da Cisjordânia para Israel, “uma violação da lei internacional”. O seu pai, Bassem Tamimi, também está preso sem acusação ou direito a julgamento.

Na terça-feira, um dia antes da libertação da activista, a mãe de Tamimi terá dito que a alegria de ver a filha se resfriava devido às repetidas ameaças de Israel à família por parte dos colonos, que dispararam gás lacrimogéneo para dispersar a multidão de palestinianos que esperava pelos familiares libertados. A activista tinha 16 anos quando foi presa durante oito meses pelas forças israelitas pela primeira vez, por dar um estalo a um soldado, depois de o seu primo de 15 anos ter sido baleado com uma bala de borracha. Antes, com 14, tinha mordido outro soldado que tentava prender o seu irmão mais novo.

Desde 7 de Outubro, data do ataque do Hamas, já foram presos milhares de palestinianos da Cisjordânia. O exército israelita fixa o número nos dois mil, mas a comissão para as questões dos prisioneiros da Autoridade Palestiniana reporta mais de 3300 prisioneiros.

Além dos mais de 15 mil mortos em Gaza (números do Hamas e confirmados pelo exército israelita, citado pelo New York Times), pelo menos 255 palestinianos foram mortos na Cisjordânia em cerca de dois meses.

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