Cartas ao director

Os leitores continuam a comentar o caso político que tem dominado as últimas semanas e vai dominar os próximos quatro meses.

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A caminho do "faroeste" vai uma carroça aos trambolhões

Esta cantiga para crianças pode ser lida como uma parábola. Eu estava a ouvir os meus netos cantando-a, e lembrei-me das desgovernações, que até rimam com trambolhões e falta de travões. A carroça pode ser comparada a cada governo pós o 25 de Abril, os trambolhões, aos sucessivos escândalos, e a falta de travões, à falta de normas para que os nossos governantes, em geral, sem escrúpulos, só façam o que bem entendem em benefício das suas hostes. Eles confundem mandantes com mandatários e comportam-se como mandantes; então, tratam de legislar para que eu tenha de cumprir normas (e muito bem), mas esquecem-se de as fazer para eles próprios. Por isso, não têm os tais travões! Só têm aceleradores.

Dou um exemplo: porque é que à iniciativa legislativa dos cidadãos está vedada a petição de alterações à Constituição? É que eu, e muitos como eu, queremos alterações à Constituição: composição da Assembleia da República, contemplando cadeiras vazias proporcionalmente aos votos em branco, criação de círculos eleitorais uninominais, substituição do método de Hondt por outro método que não favoreça os grandes partidos, revisão das imunidades de suas excelências perante a justiça, exclusividade de funções para os deputados, etc..

José Madureira, Porto

Conselho de Estado e confidencialidade

As pessoas que estão no Conselho de Estado são escolhidas por terem determinadas características, qualidades, mérito, etc. São pessoas que devem ser respeitadas, por tudo o que são e também pela função que têm. Pelo que sei, o que cada conselheiro diz e o que se passa no Conselho de Estado é confidencial. Qualquer cidadão percebe e estas pessoas também. É básico. Não é admissível que alguém que lá está – conselheiro – venha divulgar o que lá se passou.

Como é possível haver alguém que venha divulgar o que lá se passou, sabendo que não o deve fazer, não cumprindo as regras desse cargo e continue por aí todo contente e talvez ainda voltar a ir a outra reunião desse órgão como se nada tivesse acontecido. Não entendo isso. Há pessoas com lata para tudo. O país tem de aguentar isto?

Porfírio Gomes Cardoso, Lagos

Novembro-Março: quatro crispados meses

Há dias, ouvi Daniel Oliveira dizer que o ambiente nacional vai ser particularmente crispado até às eleições de Março. Acrescentou que, se pudesse, iria de férias durante os próximos quatro meses. Compreendo o Daniel Oliveira, e gostaria de apresentar três sugestões:

1ª. Que os portugueses exijam – através dos diversos meios de comunicação social disponíveis e, também (porque não?) de uma manifestação em Lisboa, junto das sedes dos partidos políticos – serem tratados com respeito. (Estamos, senhores políticos, cansados de vos aturar!);

2ª. Que os jornalistas que vão entrevistar os políticos coloquem questões sobre cultura e política internacional (questões praticamente ausentes durante a campanha das últimas eleições);

3ª. Que os Daniéis Oliveira não metam férias durante o próximo Inverno!

José Manuel Cymbron

Sines e os comboios

Há 60 anos, Sines era uma pacatíssima vila alentejana, onde muitas famílias adoravam passar férias e de onde era possível vir a Lisboa de comboio, estar seis horas na capital e voltar a casa no mesmo dia. A viagem demorava quase quatro horas, a comodidade da linha e das automotoras da altura não era famosa, a classe económica tinha bancos de pau e a travessia fluvial nem sempre era agradável. Mas era possível e deu jeito a muita gente.

Hoje, Sines é um porto internacional de águas profundas, há quem lhe vaticine destinos radiosos, a linha é magnífica mas as automotoras desapareceram e esta viagem é impossível. O crescimento do porto e do seu perímetro industrial reclama certamente muitas deslocações de pessoas e uma ligação ferroviária à capital e ao seu aeroporto, cómoda e frequente, seria bem-vinda e rentável. Qual a boa razão por que ainda não existe?

Eduardo Zúquete, Lisboa

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