Portugal-Islândia, o jogo dos recordes

Já com o lugar no Euro 2024 garantido, selecção portuguesa joga em Alvalade para fazer o pleno de vitórias, bater o recorde de golos marcados e fazer do Ronaldo o máximo goleador.

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Martínez e Ronaldo, os protagonistas da campanha portuguesa LUSA/MIGUEL A. LOPES
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Hoje, chega ao fim a fase de qualificação mais tranquila da história do futebol português. Sem calculadora na mão, sem obrigação de ganhar para se apurar e sem ter de lidar com a incerteza do play-off, a selecção nacional defronta a Islândia (19h45, RTP1), na jornada que fecha as contas do Grupo J, já a preparar a fase final do Euro 2024, que se realiza entre 14 de Junho e 14 de Julho. A qualificação não é nada de inédito - será a nona presença portuguesa na fase final de um Europeu, a oitava consecutiva desde 1996. O que será inédito é uma qualificação só com vitórias e esse é um de vários objectivos pelos quais a equipa de Roberto Martínez irá jogar.

Dificilmente se podia pedir mais ao técnico espanhol que substituiu Fernando Santos após o Mundial do Qatar. Sem nenhum jogo de preparação, o antigo seleccionador da Bélgica fez, até agora, o pleno de vitórias com a selecção portuguesa e com um notável registo ofensivo e defensivo: 34 golos marcados e dois sofridos. Só falta mesmo o pleno das vitórias, algo que seria um recorde em qualificações de Europeus e Mundiais.

Na corrida a um Europeu, o melhor que Portugal conseguiu foi na campanha de 2016 - sete vitórias e uma derrota, logo a abrir, com a Albânia. Para os Mundiais, a campanha de 2018 também teve uma derrota na primeira jornada, com a Suíça, seguindo-se nove triunfos. Em termos de campanhas sem derrotas, já houve duas, para o Mundial 2002 (7V/3E) e 2006 (9V/3E).

Roberto Martínez ganhou o gosto pelas qualificações perfeitas quando conduziu a Bélgica ao Euro 2020, com dez vitórias em dez jogos na qualificação, com 40 golos marcados e três sofridos. Essa Bélgica foi uma de oito selecções com campanhas 100 por cento vitoriosas para fases finais de Europeus. Também para esse Euro 2020, a Itália somou dez em dez, e essa forma acabaria por ter seguimento com a conquista do título. As outras campanhas imaculadas para o Europeu pertenceram a França para 1992 (oito em oito), República Checa para 2000 (10/10), França para 2004 (8/8), Alemanha (10/10) e Espanha (8/8) para 2012, e Inglaterra (10/10) para 2016.

“O primeiro objectivo é terminar com dez vitórias. Histórico e importante”, resumiu Roberto Martínez, na conferência de imprensa de lançamento da partida, em Lisboa. “É preciso criar um nível de exigência, para a equipa ser consistentemente ganhadora. Não é fácil, porque jogas em diferentes momentos, precisas de variações, há lesões. Gostei do compromisso. E depois é muito fácil mostrar a qualidade individual.”

Portugal tem o melhor ataque desta fase de qualificação (34 golos) e dificilmente perderá esse estatuto - a Espanha está em segundo, com 22, mas também só tem mais um jogo, hoje, com a Geórgia. Mas também será bem difícil chegar ao recorde de golos marcados numa qualificação para o Europeu, que está nos 42 e pertence à campanha da “roja” para o Euro 2000.

Seja como for, Portugal só precisa de dois para ultrapassar os 35 na qualificação para o Mundial 2006. Em termos de golos sofridos, os dois encaixados por Portugal só ficam atrás da França (apenas um).

Também Cristiano Ronaldo, já dono de tantos recordes, pode coleccionar mais um neste jogo com a Islândia. O capitão da selecção nacional já é o melhor goleador de sempre em fases de qualificação para o Euro (41 golos), mas nunca foi o melhor marcador de uma única fase. CR7 trava um duelo particular com Romelu Lukaku pela liderança dos goleadores (ambos têm dez golos), sendo que o avançado belga irá jogar hoje contra o Azerbaijão. E não podemos descartar o inglês Harry Kane, com oito golos, que ainda tem um jogo com a Macedónia do Norte para tentar chegar ao primeiro lugar.

Talvez este jogo com a Islândia não seja o ideal para “engordar” os números ofensivos da selecção portuguesa. O primeiro confronto desta fase de qualificação terá sido o mais complicado, com a vitória por 0-1 em Reiquejavique, a 20 de Junho, a ser garantida apenas aos 89’, com um golo de Ronaldo.

“Nos últimos cinco estágios tentámos utilizar o talento individual. No último jogo foi uma oportunidade de ter disciplina táctica com muitos jogadores de ataque. Pode ser que durante jogos no Europeu tenhamos momentos que precisem disso. A Islândia é muito diferente. Objectiva, controla jogo directo, tem jogadores novos. É um jogo que precisa de outras valências”, avisa Martínez.

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