O Euro 2024 é mais uma “moedinha” e mais uma “voltinha” para os sérvios

Desde que se tornou nação única – longe da Jugoslávia e dos vizinhos de Montenegro –, a Sérvia nunca se tinha apurado para um Europeu. É bom? É. É suficiente? Não é.

Foto
Jogadores sérvios celebram a qualificação Reuters/ZORANA JEVTIC
Ouça este artigo
00:00
02:45

Mais uma moedinha, mais uma voltinha. A Sérvia vai ter mais uma oportunidade de mostrar que não aprecia o epíteto habitual de país que tem bons jogadores, mas não consegue montar uma equipa. A selecção balcânica qualificou-se neste domingo para o Euro 2024 e vai ao certame continental para provar, por fim, que consegue bater-se no futebol “a sério” – aquele em que não chega ter um ataque forte, contra selecções frágeis das fases de qualificação.

Desde que se tornou nação única – longe da Jugoslávia e dos vizinhos de Montenegro –, a Sérvia nunca tinha estado num Europeu. É bom? É. É suficiente? Não é. Porque quando se fala dos sérvios fala-se de talento em doses consideráveis, mas também de desvario táctico e desnorte emocional em proporções semelhantes – e isso, quererão os balcânicos, tem de acabar, porque não chega lá irem.

Vamos a números. Euro 2008: viu em casa. Mundial 2010: falhanço na fase de grupos. Euro 2012: novamente no sofá. Mundial 2014: mais uma prova pela televisão. Euro 2016: mais do mesmo. Mundial 2018: repetição de um falhanço na fase de grupos. Mundial 2022: esteve por lá, é certo, mas ficou no último lugar na fase de grupos.

E fê-lo ao melhor estilo sérvio: foram o melhor ataque de um grupo com Brasil, Suíça e Camarões, mas também foram a pior defesa. Seria difícil algo mais sérvio do que isto.

E também neste domingo o apuramento foi selado com algo muito sérvio. A equipa confirmou a ida ao Euro com um mero empate caseiro (2-2) frente à Bulgária, num jogo no qual estiveram a vencer 1-0 e permitiram ao adversário fazer dois golos em dois remates à baliza.

Esta equipa, ao contrário do que sugerem os nomes dos jogadores, nem parece ser uma “trituradora” ofensiva que apenas sofre porque defende mal – o desempenho atacante não é excepcional, mesmo com executantes de alto nível.

Um comentário de um cibernauta sérvio no Reddit, embora numa premissa futebolisticamente redutora, permite caricaturar esta equipa. Dizia o adepto que “é incrível que tenhamos avançados de milhões no campo e os golos sejam marcados pelos defesas terríveis [Veljkovic e Babic] que nem defender conseguem”.

Neste jogo, os sérvios tiveram mais de uma dezena de oportunidades de golo, assentes num 3x4x3 muito ofensivo – havia Zivkovic, Kostic, Djuricic, Tadic e Mitrovic.

Será possível um 3x4x3 ou um 3x5x2 deste tipo – e com estes jogadores – frente a selecções mais dotadas? Possivelmente, não – e não é apenas palpite, já que a história tem tratado de o provar.

Sugerir correcção
Comentar