Selecção em busca do pleno e de maior clareza

Portugal defronta nesta quinta-feira em Vaduz o Liechtenstein na campanha de apuramento para o Euro 2024. José Sá vai estrear-se, mas não deverá ser o único.

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Roberto Martínez, seleccionador de Portugal LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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Já neste século, há pouco mais de 19 anos, no último jogo competitivo que fez em Vaduz, Portugal sofreu um dos seus grandes embaraços futebolísticos. Na visita ao principado a 9 de Outubro de 2004, o vice-campeão europeu deixou-se empatar (2-2) com o Liechtenstein depois de ter estado a ganhar por 0-2, um resultado que não iria, no entanto, beliscar o apuramento para o Mundial 2006. Dificilmente esse desfecho irá repetir-se nesta quinta-feira (19h45, RTP1). No reencontro com uma selecção que continua a ser uma das piores do mundo, Portugal joga com o objectivo de manter o pleno de vitórias nesta qualificação para o Euro 2024 e, ao mesmo tempo, preparar a participação nesse torneio em que já tem lugar garantido.

A selecção portuguesa (6.ª do “ranking FIFA”) tem feito uma campanha perfeita e goleadora neste apuramento. Oito jogos, oito vitórias, 32 golos marcados e apenas dois sofridos, sendo uma de duas equipas a fazer o pleno de vitórias (a outra é a França), com o melhor ataque e a segunda melhor defesa (os franceses só sofreram um). Pelo contrário, o Liechtenstein (200.º na lista da FIFA e segunda pior da Europa), tem oito derrotas em oito jogos, um golo marcado (segundo pior ataque, atrás de Gibraltar) e segunda pior defesa (25 golos sofridos, apenas menos um que San Marino). Ou seja, não parecem estar reunidas condições para que o Rheinhart Stadion volte a ver um jogo como o de 2004.

Mas o desequilíbrio de forças e o apuramento garantido não tiram a Roberto Martínez a seriedade que um jogo competitivo deve merecer sempre. O espanhol, que se estreou como seleccionador de Portugal com um 4-0 à equipa do principado, quer mais uma vitória, que será a nona, antes de ir em busca da décima no próximo domingo, em Alvalade, com a Islândia. Mas esse não é o único objectivo e o técnico espanhol quer usar estes dois jogos que faltam para preparar a participação no Europeu da Alemanha. “Queremos tentar ligações e clareza nos padrões de ataque, e crescer como equipa”, garante Martínez, que não vai deixar de pensar na vitória. “O nosso objectivo é tentar ganhar. Todos os jogadores têm de ter concentração máxima, com o mesmo compromisso de outros jogos.”

Estes jogos servirão também para dar minutos aos que têm menos minutos. Já é garantido que José Sá irá ser o titular em Vaduz – foi o próprio que o revelou. Aos 30 anos, será a sua estreia, depois de tantas convocatórias em que não saiu do banco ou foi para a bancada. Martínez deixou elogios ao profissionalismo e à paciência do guarda-redes do Wolverhampton. “É um motivo de orgulho ter o José Sá, que é um exemplo de trabalho e que esperou sete anos para estar no relvado. O Rui Patrício jogou os dois primeiros jogos, o Diogo Costa fez os outros e era importante o Sá fazer parte desta campanha.”

A baliza tem dono. E as outras dez posições? Irá Cristiano Ronaldo jogar para os imigrantes portugueses que irão encher o estádio? “Não é importante dizer se ele vai ser titular. Está preparado e vai ter minutos”, foi tudo o que Martínez disse sobre o capitão da selecção nacional. E a equipa irá trabalhar para que CR7, que já leva nove golos nesta qualificação, seja o melhor marcador? “Uma marca individual é trabalho da equipa, não o objectivo.”

Uma novidade absoluta nas convocatórias de Martínez foi Bruma. O extremo do Sp. Braga irá, por certo, ter minutos num dos jogos desta dupla jornada, até porque, segundo o seleccionador nacional, a integração está a correr bem e é um jogador com características que lhe agradam. “O nosso balneário é muito bom para jogadores que chegam pela primeira vez. É um jogador com alegria e um sorriso contagioso. É alguém muito interessante para nós, até porque não temos o Rafael Leão.”

O avançado do AC Milan é um de cinco indisponíveis da convocatória original de Martínez para estes dois jogos. Os outros são Pepe, Nélson Semedo, Diogo Dalot e Matheus Nunes, sendo que Martínez optou apenas por substituir os laterais por João Mário (FC Porto) e Raphael Guerreiro (Bayern Munique) – no caso do portista, poderá também estrear-se na equipa A, tal como Toti Gomes, central/lateral do Wolverhampton.

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