Inquérito de Estimação: ABRA — Associação Bracarense Amigos dos Animais

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda a animais que o mundo deve conhecer. A ABRA procura novas famílias para os animais que vivem no canil de Braga.

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Max é um dos 40 cães da ABRA à espera de uma família Eduardo Watanabe
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Já eram voluntários no canil municipal de Braga e também já conheciam os cães e gatos que lá vivam antes de, em 2005, fundarem a Associação Bracarense Amigos dos Animais (ABRA). Depois de cada visita, saíam com a certeza de que os mimos e passeios não eram suficientes para aqueles animais e que lhes faltava algo igualmente importante: “uma vida digna”, destaca a associação na resposta ao nosso Inquérito de Estimação. A ABRA nasceu com esta missão.

Muitos dos cães e gatos que dão entrada no centro de recolha (CRO) não se conseguem adaptar a viver numa box, ficam assustados com qualquer barulho ou pessoa, perdem o pêlo e até desistem de se alimentar. Os voluntários da ABRA, os mesmos que visitavam abrigo da autarquia para lhes fazerem festas, fazem-no agora para os levar para uma família de acolhimento temporário. E, enquanto os animais recuperam a ligação com os humanos, procuram-lhes um lar definitivo.

“A principal preocupação da ABRA é proporcionar aos animais que estão no centro aquela atenção e carinho que muitos nunca tiveram. Com isto tornamos possível que eles voltem a sentir alegria e confiança naqueles seres que reconhecem como semelhantes aos seus antigos donos”, reforça a associação.

Neste momento, são 40 os cães que vivem em regime FAT à espera de uma família definitiva. Sempre que um é adoptado, os voluntários vão buscar outro animal ao canil. Segundo a ABRA, o esquema fez com que, em 2022, 157 cães e gatos tivessem novos tutores e que 20 novas pessoas se tornassem famílias de acolhimento temporário. Este ano, a missão continua.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

É difícil dizer apenas uma. Em Portugal, existem animais que, quando entram nos centros de recolha, ficam lá anos e sem perspectiva de serem adoptados. A inexistência de um serviço nacional de saúde animal leva muitos potenciais adoptantes a não ficarem com os animais e evitarem encargos financeiros com as despesas veterinárias.

Um caso marcante

É impossível escolher um, mas nunca nos esqueceremos do nosso Gaivota, um cão que foi resgatado do monte por alguém que não lhe ficou indiferente. Entrou no canil ainda cachorro, com poucos meses, meigo e curioso, e depois foi crescendo por lá. Quando a pandemia começou, os voluntários não puderem ir tantas vezes ao canil, pelo que, enquanto associação de protecção animal, não conseguíamos garantir todos os passeios e mimos que o Gaivota precisava naquele momento. Pouco tempo depois, começou a mostrar sinais de stress e ansiedade, estava sempre com a guarda erguida e qualquer ruído lhe causava medo.

Felizmente, a ABRA conta com uma rede de famílias de acolhimento temporário, incluindo a Nortdog Academia Canina, e conseguimos que o Gaivota saísse do canil e fosse para lá. Só vai sair quando tiver uma família que o acolha até ao resto da vida.

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Alguns dos cães e gatos disponíveis para adopção ABRA

Um conselho para quem quer adoptar um animal

Adoptar um cão ou um gato é um acto muito solidário e de muita bondade, mas requer também muita responsabilidade e dedicação. Aconselhamos as pessoas a ponderarem antes de escolherem uma nova companhia e que só o façam se tiverem condições suficientes para cuidar do animal.

Um projecto que tem de ser conhecido

Além da Nortdog, destacamos o trabalho do treinador de cães Patrick Rocha, que ajuda na socialização dos nossos animais, e os serviços de banhos e tosquias da Limp'Odog, Petculiar e Malucão.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

Qualquer um dos voluntários da ABRA. São pessoas que saem de casa todas as semanas para passear e mimar animais que, não sendo oficialmente deles, sentem que são da sua responsabilidade. Há coisa mais bonita do que doar o nosso tempo a tentar resolver um problema público?

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