Técnico não prescinde de indemnização para ser reintegrado na Divisão de Honra

Proposta da assembleia-geral da federação prevê a reintegração do clube no principal escalão, mas condiciona-a à desistência de todas as acções judiciais.

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Técnico foi administrativamente afastado da Divisão de Honra em Abril de 2022 CRT

O Técnico "não prescinde da indemnização" a que diz ter direito pela despromoção ao último escalão do râguebi português, confirmou nesta quinta-feira o presidente do clube, depois de confirmada a proposta da federação para a readmissão na Divisão de Honra.

A assembleia geral (AG) da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) aprovou, na quarta-feira, uma proposta da direcção que prevê a reintegração do Técnico no principal escalão, mas que ficaria condicionada à sua desistência de todas as acções movidas em tribunal contra o organismo e à aceitação do pagamento de apenas cerca de metade das custas em que incorreu.

"O Técnico aceita a reintegração, mas não prescinde da indemnização. Neste país existem leis e a FPR não pode cumprir uma parte da sentença do tribunal e não cumprir a outra", confirmou à agência Lusa o presidente do clube lisboeta, Pedro Lucas.

No entendimento dos "engenheiros", "a FPR podia perfeitamente ter feito a reintegração quando foi informada da decisão do tribunal" e, ao não o fazer, "prejudicou o Técnico em valores muito grandes", pelos quais o clube "tem de ser ressarcido".

"Aceitamos a reintegração imediata na Divisão de Honra e estamos em condições de a assumir. A FPR pode contactar connosco e falarmos [sobre a indemnização], independentemente da participação desportiva", admitiu Pedro Lucas.

Indemnização de 900 mil euros

Contactado pela Lusa, o presidente da FPR afastou por completo a reintegração do Técnico em condições diferentes das que foram aprovadas pela AG de quarta-feira.

"Claro que não! A AG foi muito clara. O Técnico está completamente isolado da realidade e nenhum clube o aceitaria. A proposta não foi essa e foi aprovada com apenas um voto contra", vincou Carlos Amado da Silva.

O dirigente acusou ainda o clube das Olaias de estar de "má-fé em todo o processo" por negar a validade da decisão da AG e por continuar a "agarrar-se a aspectos jurídicos" relacionados com "um regulamento onde falta uma norma habilitante" e no qual "o Técnico também teve bastantes responsabilidades" na sua aprovação.

"Sempre falámos que qualquer decisão seria da responsabilidade da AG, que repudiou completamente a atitude antidesportiva do Técnico. Se pretendem continuar nesta guerra jurídica, isto não vai ter fim. Têm de perceber que estão completamente isolados", vincou Amado da Silva.

Por outro lado, entende Amado da Silva, "a FPR e a AG estão a ceder" ao aceitar reintegrar o Técnico na Divisão de Honra, pelo que pretende ver uma resposta semelhante da contraparte. "Tem de haver uma cedência também do outro lado. Ninguém está disponível para pagar uma indemnização por um comportamento irregular de um clube que não aceitou os regulamentos do órgão competente da FPR e saiu do organismo", assegurou o presidente da FPR.

O Técnico pretende ser indemnizado num valor que "ronda os 900 mil euros", confirmou Pedro Lucas, classificando como "uma habilidade" um pedido remetido pela FPR ao Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL) a solicitar "a prorrogação em mais 30 dias do prazo de 20 dias" concedido por aquela instância para as duas partes chegarem a um acordo sobre os valores de uma indemnização ao clube.

Segundo Amado da Silva, o Técnico "fechou essa hipótese", o que constitui "a prova da má-fé" do clube, que, diz, "não quer negociar, quer branquear".

Na quarta-feira, a AG da FPR aprovou, com 57 votos a favor, quatro abstenções e um voto contra, a proposta da direcção, que previa a reintegração do Técnico na Divisão de Honra, condicionada à retirada de todos os processos movidos pelo clube nos tribunais e à aceitação do pagamento de cerca de 75 mil euros, correspondentes a aproximadamente metade das custas incorridas pelos "engenheiros".

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