Palmela regista um crescimento acentuado da população no último ano

Depois de ter sido o terceiro concelho que mais cresceu na última década, em 2022 o número de novos residentes acelerou, com mais 2500 em cerca de um ano.

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Na perspectiva do presidente da Câmara de Palmela, o concelho não está a crescer na lógica de cidades-dormitório NFS - Nuno Ferreira Santos
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O concelho de Palmela afirma-se como um dos que têm maior ritmo de crescimento da população em todo o país. No final de 2022, o município, do distrito de Setúbal e da Área Metropolitana de Lisboa (AML), contava, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), um total de 71.410 residentes, o que corresponde a um aumento de 2558 pessoas relativamente aos 68.852 contabilizados no Censos de 2021.

Estes números confirmam o acentuar do crescimento demográfico que tinha sido registado pelo último Censos, em que os habitantes de Palmela aumentaram em 6021 pessoas entre 2011 e 2021.

A taxa de crescimento de 9,58% foi a mais elevada do distrito de Setúbal (cuja média se ficou pelos 2,77%) e a terceira mais alta do país, depois de Odemira (13,3%) e Mafra (12,8%).

A tendência de crescimento acentua-se com um crescimento no último ano bem mais acelerado do que o da última década e posiciona Palmela como o 35.º maior município de Portugal em termos demográficos.

Este crescimento tão acima da média é atribuído, por muitos, à centralidade do concelho, na AML, e às boas acessibilidades, mas o presidente da Câmara Municipal de Palmela diz que não é só isso.

“Ao contrário do que alguns dizem, este crescimento não acontece por acaso. Confirma a atractividade deste concelho para viver, para investir e trabalhar. Há uma estratégia, há uma visão para o território que quer que este crescimento seja desenvolvimento e seja sustentável”, disse Álvaro Balseiro Amaro ao PÚBLICO.

O autarca comunista promete divulgar, em breve, “um conjunto de indicadores que dão a noção daquilo que tem sido este caminho de progresso do concelho” e acrescenta que encara o aumento demográfico como uma “responsabilidade” acrescida.

“Temos de continuar a acolher bem, a fazer com que o território seja uma terra onde as pessoas se sintam felizes e possam desenvolver os seus projectos de vida, mas com prioridades bem definidas para que não nos tornemos um território que apenas cresce e que é periférico”, refere.

Na perspectiva do presidente da Câmara de Palmela, o concelho, que inclui também a vila de Pinhal Novo, não está a crescer na lógica de cidades-dormitório.

“Este é um crescimento com vida, com famílias que nos enriquecem e que usufruem do emprego, dos produtos, da cultura, dos valores, da qualidade e das oportunidades que este território de contrastes proporciona. São famílias que nos escolhem para concretizar o seu projecto de vida – só neste ano lectivo, abrimos 29 novas turmas –, o que só pode ser, para todos nós, motivo de orgulho e incentivo para continuarmos a fazer sempre mais e melhor”, afirma Álvaro Amaro.

O eleito da CDU reconhece, no entanto, que o crescimento populacional obriga o município a rever os instrumentos de planeamento e ordenamento do território.

“Tínhamos vindo num percurso de criação dessas respostas sociais e colectivas num determinado paradigma e para um determinado horizonte, e hoje obriga-nos a rever tudo. Em termos de carta educativa, carta de equipamentos desportivos, de respostas sociais, e obriga-nos também a melhorar alguns aspectos de ordenamento do território para que este crescimento corresponda, de facto, a desenvolvimento”, conclui o autarca.

Algumas das vozes que atribuem o crescimento demográfico à centralidade do concelho são os eleitos da oposição nos órgãos municipais. Por exemplo, Paulo Ribeiro, vereador em Palmela e líder distrital do PSD, não reconhece especial mérito à gestão CDU quanto à atractividade do território, mas, quanto à necessidade de revisão dos planos municipais, concorda. “Continuamos a ter serviços pensados como se tivéssemos a população do século passado”, diz o autarca social-democrata que critica o atraso na revisão do Plano Director Municipal (PDM).

O presidente da Assembleia Municipal de Palmela, José Carlos de Sousa, independente eleito pelo PS, também atribui o aumento da população à “centralidade no distrito”.

“Palmela é estrutural. É um concelho charneira no distrito, tem boas acessibilidades, nomeadamente no Pinhal Novo, que é onde se nota muito mais. Das 29 turmas que abriram, nove são no Poceirão, porque se criou oferta formativa diferenciada, com muito boa visão da direcção da escola, no sentido de propiciar àqueles alunos aquilo que muitas vezes os retira do próprio território”, defende o presidente do órgão deliberativo municipal.

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