Tour 2024 contempla estradas sem asfalto numa edição cheia de novidades

Montanha continua a imperar num percurso que visitará Itália, São Marino e o Mónaco e terá dois contra-relógios.

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EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

A Volta a França em bicicleta de 2024 será repleta de novidades, com um contra-relógio a "encerrar" uma edição menos montanhosa, que "abdica" de Paris para coroar os vencedores e que aposta em estradas não asfaltadas pela primeira vez.

Já se sabia que o primeiro "Grand Départ" italiano do Tour (29 de Junho, em Florença) coincidiria com a primeira chegada fora de Paris nas 111 edições da mais mítica das provas velocipédicas (será em Nice, a 21 de Julho), motivada pelos Jogos Olímpicos Paris2024, mas a organização ainda reservava outros "ases" na manga, como a inclusão de caminhos em terra.

Inspirada pela clássica italiana Strade Bianche, esta novidade surgirá no percurso na nona etapa, véspera do primeiro dia de descanso, entre as vinhas de Champanhe, onde os ciclistas enfrentarão 14 "sectores" por asfaltar, num total de 32,2 quilómetros em estradas vinícolas.

"É uma forma de quebrar a monotonia, de evitar que se encadeiem etapas planas com finais ao sprint. Não podíamos ir a sectores de 'pavé', por isso escolhemos estes caminhos sem asfalto, que são a última grande novidade do ciclismo", explicou o director da prova, Christian Prudhomme.

Sete etapas de montanha

Mas se há algo de que o Tour, que este ano "visitará" Itália, São Marino e o Mónaco e terá dois contra-relógios, o último dos quais na derradeira tirada, em Nice, não abdicou nos seus 3492 quilómetros foi do seu cariz montanhoso, com um desnível acumulado de 52.230 metros e a travessia de quatro maciços (Apeninos, Alpes, Maciço Central e Pirenéus), com sete etapas de montanha e quatro chegadas em alto.

"É um Tour menos montanhoso do que o do ano passado, mas isso não significa que seja menos duro", estimou Prudhomme durante a apresentação, realizada no Palais des Congrès, em Paris, comparando o número de contagens de montanha de categoria especial, primeira e segunda existentes na próxima edição (27) e na de 2023 (30), ganha pelo dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma).

Após o início "mais duro da história", com 206 quilómetros entre Florença e Rimini que atravessam os Apeninos, numa ligação de perfil acidentado, a alta montanha chegará "mais cedo do que nunca", com os ciclistas a subirem logo na quarta etapa o lendário Galibier, habitualmente o "tecto" da prova, mas que em 2024 será superado pelos 2802 metros de la Bonette, a estrada asfaltada mais alta de França (19.ª etapa).

Será a primeira de duas visitas ao Alpes franceses, antes da descida para Borgonha, onde a sétima etapa propõe um "crono" de 25 quilómetros entre Nuits-Saint-Geroges e Gevrey-Chambertin, essencialmente planos.

Homenagem a Bahamontes

A homenagem ao general De Gaulle, em Colombey-les-Deux-Églises, onde está sepultado, precede a tirada nos caminhos por asfaltar de Champanhe, com saída e final em Troyes. Após o dia de descanso, o vento pode ser protagonista da 10.ª etapa, na véspera da explosiva incursão no Maciço Central, com quatro subidas na parte final.

Seguem-se duas jornadas de transição antes da chegada aos Pirenéus, com dois finais em alto, em Saint-Lary-Soulan, depois de o pelotão escalar o Tourmalet e Hourquette d"Ancizan (14.ª), e ao Plateau de Beille, com os seus intermináveis 15,8 quilómetros com uma pendente média de inclinação de 7,9%.

Após o segundo dia de descanso, cumprido a 15 de Julho, e de nova jornada plana, os ciclistas rumarão novamente aos Alpes, com dois "aperitivos" de média montanha, em Superdévouly e Barcelonnette, antes de enfrentarem o Isola 2.000 a três dias do final.

Antes, subirão La Bonette, uma subida pouco conhecida à qual se chega por uma estrada construída exclusivamente para alcançar esses 2802 metros de altitude. Os seus 22,9 quilómetros, com pendente média de 6,9%, são uma homenagem da organização a Federico Bahamontes, o primeiro ciclista a vencer neste local e que morreu em Agosto de 2023.

As derradeiras pedaladas do Tour serão dadas na zona de Nice, com uma etapa de alta montanha disputada nas estradas habituais do Paris-Nice e final no Col de la Couillole (15,7 km a 7,1%), antes do contra-relógio final, que inclui duas subidas.

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