O dever de ser herege

Isto que vêem aqui [apontava para os braços] não são braços, são heresias, a sua função é dar cabo do bem-dizer-estar-pensar e daquela voz baixinha que nos acostumámos a ser.

Ouça este artigo
00:00
02:01

Ali estavam os polícias, dois, a Alexandra a olhar para eles, com a grandeza do seu corpo, Alexandra, a grande, o Manuel Ulme e o Borja hesitantes, paralisados, sem saber o que fazer, se ir para direita, se ir para a esquerda, se lutar, se fugir, quando a Alexandra, bem mais lesta, pegou no balde de tinta e atirou-o contra os polícias, o balde que era uma boca escancarada, com a tinta ainda por ser frase. Os homens foram apanhados por aqueles gritos em potência, e a Alexandra e os dois homens que a acompanhavam conseguiram fugir. Nessa noite dormiram num quarto que o Ulme arrendava perto do Campo Grande, precisamente como refúgio temporário, e onde os três pernoitavam com alguma frequência.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar