Indicação Geográfica “Terras da Beira” agora também com protecção na UE

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Rodolfo Queirós é o presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior Sérgio Azenha
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A Indicação Geográfica (IG) "Terras da Beira", criada para o vinho regional da Beira Interior, uma das mais jovens regiões vitivinícolas portuguesas (jovem no sentido da sua organização tal e qual a conhecemos hoje, entenda-se; a produção de vinho tem ali uma tradição de 2.000 anos), recebeu finalmente a classificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP), atribuída pela União Europeia (UE), nas variedades de vinho, vinho espumante e vinho frisante.

Segundo o presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), depois de a região ficar "sozinha", do ponto de vista organizativo, administrativo (e a CVRBI foi criada em 1999), havia que 'criar' um vinho regional. Iniciou-se então o processo de registo da IG "Terras da Beira" junto do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Por cá, a IG foi reconhecida pela Portaria 163/2011, de 18 de Abril​. Só depois, se submeteu o processo para a protecção na UE, com "o IVV a fazer a ponte". Esse processo, admite Rodolfo Queirós, "foi moroso e trabalhoso" e exigiu "a elaboração de um caderno de especificações".

A decisão de atribuir a protecção comunitária foi publicada esta sexta-feira no Jornal Oficial da União Europeia. Segundo a publicação, a zona protegida abrange "todas as freguesias de todos os concelhos do distrito de Castelo Branco e, no distrito da Guarda, abrange os municípios de Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo (excluída a freguesia de Escalhão), Guarda, Manteigas, Meda (excluídas as freguesias de Fonte Longa, Longroiva, Meda e Poço do Canto), Pinhel, Sabugal e Trancoso".

Os mostos dos vinhos com direito a IGP "Terras da Beira" devem ter no mínimo 9% de álcool e as práticas culturais utilizadas nas vinhas que se destinam à produção destes vinhos devem ser as tradicionais na região ou as recomendadas pela entidade certificadora. As vinhas destinadas a produzir este vinho regional devem estar, ou ser instaladas, em solos litólicos húmicos de xistos e granitos, litólicos de granitos ou mediterrânicos pardos e vermelhos de xistos.

Com vinhas plantadas entre os 300 e os 750 metros de altitude, a Beira Interior tem uma orografia dominada pelas serras da Estrela, Gardunha, Açor, Marofa e Malcata. A relação entre o solo e o clima, por um lado, e as castas da região, por outro, dá origem a vinhos com características distintas, marcados pela mineralidade, acidez e frescura, destaca o jornal da UE.

A IGP é uma certificação oficial regulamentada pela União Europeia e atribuída a produtos gastronómicos ou agrícolas tradicionalmente produzidos numa região. Segundo dados divulgados em Julho em Bruxelas, Portugal é o quinto país da UE com mais indicações geográficas. No topo da tabela, com 891 produtos protegidos, está a Itália, seguida pela França (767), Espanha (394), Grécia (284) e Portugal (212).

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