Portugal continua “a sonhar com uma vitória”

A selecção portuguesa de râguebi defronta esta noite Fiji, em Toulouse, no jogo de despedida dos “lobos” do Campeonato do Mundo.

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Portugal faz esta noite em Toulouse o último jogo no Mundial 2023 Reuters/GONZALO FUENTES

Vai ser a despedida dos “lobos” do Mundial 2023, a despedida de Patrice Lagisquet de seleccionador de Portugal e, do outro lado, vai estar uma das selecções mais imprevisíveis do râguebi internacional – os “flying fijians”, capazes do melhor e do pior. Por isso, hoje (20h, RTP2) a equipa nacional vai regressar ao Stade de Toulouse ainda “a sonhar com uma vitória”. Contra Fiji, que precisa de um ponto para se apurar para os quartos-de-final, Lagisquet admite que fez “escolhas difíceis” para alguns jogadores ao optar por colocar em campo “a melhor equipa”. “Gostaria de compartilhar com eles mais uma vitória, ou algo ainda maior”, explicou o técnico francês.

Em 2007, um ensaio do romeno Florin Corodeanu, a oito minutos do fim, impediu que Portugal saísse do Mundial com uma vitória (10-14) em Toulouse. Há duas semanas, no mesmo estádio, foi o georgiano Tengizi Zamtaradze que fez, no minuto 78, os cinco pontos que retiraram à selecção portuguesa o primeiro triunfo (18-18). Hoje, os “lobos” vão entrar pela terceira vez no Stade de Toulouse a acreditar que podem ganhar no maior palco do râguebi mundial.

Após um mês em França, onde a prudência do discurso português – e a qualidade dos rivais – colocou sempre a palavra “competir” à frente de “vencer”, na despedida do Mundial 2023 a ambição já não é escondida.

Mesmo sabendo que vão ter pela frente um adversário que é oitavo do ranking mundial, que soma duas vitórias e que precisa de apenas um ponto para provocar um terramoto no râguebi australiano - a Austrália nunca foi afastada na fase de grupos -, Lagisquet e o adjunto João Mirra não se esconderam na antevisão da partida.

Tendo pouco a perder – os “lobos” vão sair deste Mundial como uma das equipas mais elogiadas e admiradas pela qualidade do seu jogo -, Portugal, diz Lagisquet, ainda pode “sonhar”. O técnico francês, que assumirá contra Fiji pela última vez o comando da selecção nacional, reforçou a ideia de admiração pela prestação portuguesa que foi repetindo nas últimas semanas: “Só quero ver se eles me conseguem surpreender mais uma vez e, quem sabe, se alcançam o sucesso que todos merecerem.”

A noção de que é possível provocar uma surpresa e derrotar Fiji acabou por condicionar as escolhas do técnico francês. Portugal irá apresentar uma equipa inicial muito próxima daquela que jogou nos dois primeiros jogos – a maior novidade é Tomás Appleton iniciar o jogo no banco (José Lima e Pedro Bettencourt serão os centros) -, o que significa que haverá jogadores que não terão a oportunidade de jogar qualquer minuto no Mundial.

De forma frontal, Lagisquet explicou que “foi muito difícil” fazer essa opção, mas como “esta equipa demonstrou uma capacidade tão grande de competir contra qualquer adversário”, foi decidido “manter a mesma linha e mentalidade”. “Seria muito mais fácil para a equipa técnica dar a oportunidade a todos os jogadores do grupo de jogarem no Mundial. As pessoas podiam achar que queríamos ajudar as Fiji, mais do que a Austrália, mas isso não nos interessa. Só estamos preocupados connosco e com o que esta equipa está a mostrar, e a fazer em campo.”

Seguindo a linha de raciocínio de Lagisquet, João Mirra reforça que Portugal “acredita” nas suas “possibilidades”. “Faremos o possível para que [no regresso a Toulouse] fique a melhor recordação. Não podemos controlar tudo, mas tentaremos controlar o que pode ser controlado em termos de capacidades técnicas”, salientou o técnico-adjunto.

Do outro lado, mesmo estando muito perto de fazer história ao eliminar a Austrália, Glen Jackson, adjunto do seleccionador Simon Raiwalui, deixou claro o respeito por Portugal: "Acho que eles foram uma das revelações do torneio. Toda a gente adora vê-los jogar, e estão a jogar um estilo de râguebi fantástico. Acho que o [estilo] de ataque deles é o melhor do Campeonato do Mundo. Podiam ter vencido a Geórgia, por isso sabemos o que teremos pela frente. Vai ser um jogo difícil e teremos de ter sempre cuidado.”

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