Diabos m’Elevem. Na barca do inferno de Riça

Contra a “portugalidade” de pacotilha, eis um disco em que o folclore é retrabalhado com paixão e sentido. Graças a Lúcifer!

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No seu primeiro álbum, Riça revolve na tradição portuguesa

Por estes dias, dá-se um pontapé numa pedra e logo aparece um projecto de músico esbracejando, muito orgulhoso de si próprio, a bandeira da “portugalidade”. Acto contínuo e dirá que a portugalidade esteve esquecida uma data de anos, que é uma injustiça cósmica, que não se deve ter vergonha, mas orgulho na música dita “pimba”, que a “empatia” é uma coisa “muito bonita” e que tal género deve merecer a maior das nossas considerações porque está repleto de “boas pessoas”. Eis o nauseante cruzamento de duas grandes maleitas actuais: a arte das boas intenções e o revisionismo oportunista sobre coisas que, na sua esmagadora maioria, ficaram enterradas por óbvias e excelentes razões. E oportunista porque é levado a cabo por figuras que, apercebendo-se do filão rentável do momento, passam, sem pestanejar, a explorá-lo avidamente, sempre sob a pretensa capa alternativa do reencontro com a “tradição”.

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