Cartas ao director

As horas extraordinárias dos médicos, o Eça no Panteão, as eleições na Eslováquia e a necessidade de pessoas íntegras são alguns dos temas tratados pelos leitores nas suas cartas.

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Eleições na Eslováquia

Partido pró-russo vence eleições na Eslováquia equacionado o fim da ajuda à Ucrânia. Convém recordar que em 1969, a então Checoslováquia foi invadida pelas forças do Pacto de Varsóvia. Sondagens indicam que a maioria do povo eslovaco considera a Ucrânia e a União Europeia culpados pela guerra Ucrânia/Rússia. A Eslováquia pertence à EU e à NATO, desde 2004. A vitória nacionalista é uma espinha cravada na garganta da União Europeia e da NATO. Irá a Eslováquia ser alvo de sanções por parte dos EUA por sugestão de Zelensky? A União Europeia é ou não a favor de eleições livres? Por esta vitória a coligação chefiada pelos EUA não contava. Enquanto isso, jovens ucranianos continuam a morrer numa guerra injusta, impedidos de abandonar a Ucrânia.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Pessoas e partidos

Em quase 50 anos de democracia, tem sido difícil gerar consensos entre os elementos que compõem os movimentos partidários, onde é mais do que evidente que alguns querem ter maior destaque que os seus opositores, sendo talvez uma das razões da existência de partidos políticos, onde é claro que ficam em evidência os interesses de cada um, relativamente ao que é mais importante para o país.

Antes de existirem partidos, já existiam pessoas e um país multifacetado, com uma riqueza histórica que importa destacar e salvaguardar, mas onde a existência de elementos de partidos que são visados em situações pouco claras, contribuem para a degradação da imagem do país e da própria politica, que sendo uma causa nobre, deixa de o ser, quando os interesses individuais se sobrepõem aos interesses do colectivo.

Quando nos últimos tempos assistimos a casos que mancham a história do país, podemos concluir que mais do que partidos, o país precisa de pessoas íntegras e não de partidos que, além de divergirem em opiniões, dividem as pessoas, e muitos dos elementos que os compõem, se movem por conveniências e não por convicções.

Américo Lourenço, Sines

Larguem os ossos

Penso que qualquer potencial notável nacional, seja pela pena, pelas armas, pelas chuteiras, pelas guitarras, pela retórica e até mesmo, quem sabe, pela influência nas redes sociais, tem interesse em deixar expresso onde pretende que os seus ossos tranquilamente repousem.

Nunca se sabe se os chamados eleitos da nação não irão um dia requisitar os seus restos para ornamentar um qualquer supostamente prestigioso depósito de sepulturas. Alguém imagina, por exemplo, Miguel Torga, satisfeito com a ideia de sair do seu S. Martinho de Anta, atravessar o Marão e ir para Lisboa, ele, para quem “a nação não morre de amores pela capital e esta paga-lhe na mesma moeda”?

Para lá desta falta de gosto e de decência de remexer em velhos jazigos, para lá da abrangência curta ou excessiva do nosso Panteão, homenagear os que “da lei da morte se libertaram” não passa por andar em macabras bolandas com os seus restos. Passa sim por promover e divulgar a sua obra. O mais importante não é onde ficam os ossos, é o que resta da vida. Mais importante do que o material morto é o imaterial vivo.

Este folhetim actual com a transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz dava uma excelente novela queirosiana. Haja quem a escreva com a fineza e elegância do grande mestre, independentemente do local onde os seus ossos repousarão um dia.

Carlos J. F. Sampaio, Esposende

Médicos e horas extraordinárias

Perspectiva histórica sobre o declínio da remuneração dos médicos internos no início de especialidade: em 1992, um interno tinha contrato de exclusividade e trabalhava 40-42 horas semanais, recebendo um salário de 300 mil escudos (equivalente a 1500 euros/mês). Em 2023, um interno na mesma fase da carreira não tem exclusividade, trabalha 40 horas semanais e ainda é obrigado a realizar 150 horas extraordinárias por ano. Isto totaliza uma média de 12,5 horas extras por mês, com um salário de 1300 euros/mês. Em 31 anos, o salário nominal diminuiu 200 euros, enquanto a carga horária mensal aumentou de 160 para 172 horas.

Alguém devia informar o ministro que nem a moral ou a ética são o problema; conversa é perda de tempo e o ponto é pagar o trabalho.

Rui Paulo Veiga M. Pereira, Maia

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