Os ingredientes: condição física e cultura táctica

Sendo o râguebi um desporto colectivo de combate com o propósito de marcar mais pontos do que o adversário, mas não podendo a bola ser passada para a frente a não ser através de pontapés e estando a área de ensaio lá ao fundo, é óbvio que, para o sucesso de uma equipa, é necessário ter uma estratégia definida para a conquista do terreno. Mas para isso, porque existe a placagem que permite derrubar o portador da bola, não basta escolher o caminho directo e é preciso usar a inteligência. O que implica o domínio de culturas tácticas individuais e colectivas que possam tornar eficaz a estratégia definida.

Esta proximidade ao combate torna o colectivo e as suas interacções na principal arma de diferenciação entre as duas equipas em confronto. O melhor colectivo, o mais eficaz, vence no final porque no râguebi é preciso que haja um comprometimento entre todos e um duro trabalho comum que possa construir uma confiança alicerçada na técnica de cada um e que permita tomar a iniciativa e assumir o risco. O que determina que a cultura táctica individual e colectiva seja um factor determinante para garantir a eficácia da exploração das vantagens conseguidas, avançando no terreno para dominar a zona vermelha vizinha da área de ensaio.

Não chega portanto e apenas a atitude, a vontade de vencer, a coragem de enfrentar os momentos mais duros, É preciso saber o que fazer em cada momento e que esse saber seja, simultaneamente, partilhado pelo todo que é uma equipa.

Nesta 5.ª jornada, última da fase de apuramento deste Mundial 2023 que determinará, nos oito jogos da jornada, os seis quinzes que se juntarão aos já apurados, País de Gales e Inglaterra. E serão as equipas mais colectivas, que melhor expressão táctica demonstrem, que o conseguirão. É que muitos dos erros que se verificam não são erros técnicos individuais, mas erros de desentendimento colectivo - a título de exemplo e apesar do seu movimento estratégico atractivo, os resultados de Portugal que não conseguiram traduzir-se em vantagens classificativas, ficam mais a dever-se à falta de articulação táctica de movimentos e decisões do que a erros técnicos.

No Grupo A, a França, então já conhecedora do resultado dos neozelandeses, limitará o seu desgaste frente à Itália para garantir o 1.º lugar do Grupo, fugindo assim ao primeiro classificado do Grupo B onde uma “final” Irlanda-Escócia determinará os eleitos.

No Grupo C, joga Portugal que defronta Fiji obrigada a conquistar um ponto para garantir a continuação na prova. Para Portugal, a difícil e dependente tarefa de ultrapassar a Geórgia e assim corresponder à simpatia que tem granjeado pelo universo oval, exige uma vitória ou um bónus defensivo cuja eficácia dependerá da ajuda do apurado Gales. No Grupo D uma outra “final” entre o Japão e Argentina ditará o "quinze" que acompanhará ingleses na passagem aos quartos-de-final.

De acordo com as previsões resultantes do posicionamento no ranking, os quinzes que passarão aos quartos-de-final, serão: França e Nova Zelândia no Grupo A, Irlanda e África do Sul no Grupo B, Gales e Fiji no Grupo C e Inglaterra e Argentina no Grupo D.

Seja como for, as vitórias sorrirão aos quinzes que melhor demonstrem, para além de uma capacidade física elevada, o domínio na utilização, no tempo adequado, dos seus conhecimentos tácticos e da articulação colectiva que permitam a criação e exploração de vantagens. Ou seja, o sucesso será para o colectivo que melhor leia o desenvolvimento do jogo que passa na sua frente. Os outros doze, voltarão para casa.

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