Na Liga das Nações, a selecção feminina resolveu os problemas que criou

Portugal, em 19.º lugar do ranking mundial, bateu a Noruega, que está seis lugares acima na hierarquia FIFA.

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Jogadoras de Portugal celebram pela selecção FPF
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Dois golos sofridos após erros próprios, três marcados com mérito colectivo, primeiro, e individual, depois. Foi assim o segundo jogo da selecção feminina de futebol na Liga das Nações, no triunfo por 3-2 frente à Noruega, 13.ª do ranking mundial.

Em Barcelos, Portugal, seis lugares abaixo na hierarquia FIFA, “ofereceu” dois golos às escandinavas, com perdas de bola em zonas perigosas – e ainda poderia ter sofrido um terceiro da mesma forma. Mas uma jogada construída com mérito colectivo e duas outras com predicados individuais deram uma vantagem curta, mas suficiente para Portugal subir ao segundo lugar do grupo 2 da Liga A, a três pontos da França, que segue imaculada.

A final a quatro está reservada apenas à selecção que ficar no primeiro lugar, pelo que Portugal vai precisar, nos quatro jogos que faltam, de um tropeção da equipa gaulesa – que pode ser provocado pela própria equipa nacional, na última jornada, em Leiria.

Losango muito curto

Portugal entrou neste jogo com o 4x4x2 losango que apresenta em boa parte das partidas, com Kika no vértice mais ofensivo, no apoio a Ana Capeta e Diana Gomes.

Como se esperava pela conjugação dos sistemas, Portugal teve uma superioridade tremenda no meio-campo – dividia bolas frequentemente em três contra uma. E se Portugal não sofreu mais foi porque a Noruega não explorou ainda mais os corredores, deixando o losango português, sempre muito interior, em dificuldades para ocupar o espaço.

Até pela ausência de jogadoras de corredor e da “falta” de pé esquerdo da lateral-esquerda, o plano da selecção era quase sempre que uma das centrais fizesse passes verticais para Kika, a jogadora com mais “perfume” nas botas e capaz de desequilibrar, para depois forçar a largura com uma das avançadas.

Mas tanto Portugal como a Noruega tinham o grosso da equipa na zona central, pelo que a partida era feita mais de duelos físicos e perdas de bola. Perigo só pelo ar, em duas bolas longas cabeceadas para fora por Capeta e Diana.

Houve, aos 33’, uma perda de bola na fase de construção e Maanum rematou em arco, sem que Patrícia Morais pudesse chegar à bola. O 0-1 não tinha grande lógica e Portugal, mesmo sem ser avassalador, tratou de reequilibrar as contas três minutos depois.

A jogada teve apoio frontal de Kika e terminou com Capeta a sair da zona central, para desequilibrar em largura – cruzou para a área e a bola, perdida, acabou por ficar boa para um remate de Andreia Jacinto.

A solução da largura num jogo tão centralizado foi utilizada novamente aos 42’, com Capeta outra vez a cruzar para Diana, que sofreu penálti. Carole rematou forte e levou o 2-1 para o intervalo.

Kika apareceu

O plano de atrair ao centro para ferir pela largura estava, finalmente, a ter efeito, depois de vários minutos de incapacidade global da equipa para desenhar jogadas completas.

Na segunda parte, as norueguesas começaram a explorar o espaço de forma mais directa, mas sem especial perigo quando não havia colaboração portuguesa – que voltou a existir aos 55’, com uma perda de bola que deixou Terland isolada, e aos 58’, com nova perda de bola em zona perigosa, que deu golo de Terland.

Os três grandes lances de perigo da selecção escandinava neste jogo nasceram de perdas de bola de Portugal em zona defensiva.

Aos 68’, Kika apareceu novamente em jogo, depois de vários minutos apagada, e deu aquilo que pode dar: desequilíbrio pela via individual. Correu com a bola entre escandinavas e libertou Catarina Amado, que sofreu um penálti novamente convertido por Carole.

Os últimos 15/20 minutos tiveram uma partida mal jogada e os lances perigosos surgiram, sobretudo, de lances confusos, mais do que bem trabalhados como aos 87', num momento de 3-3 salvo por Patrícia Morais.

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