Quando a Alemanha espirra, a Europa constipa-se

Quais as iniciativas de apoio à indústria transformadora que o Governo português prevê tomar, numa altura em que notoriamente o crescimento económico começa a abrandar?

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Atendendo a que é a maior economia da Zona Euro e da União Europeia, tudo o que se passa na Alemanha, resvala para os restantes países europeus.

Como se sabe, a Alemanha enfrenta este ano um grave problema em termos de crescimento económico, derivado de quebras de consumo e da produção industrial, problemas de forte abrandamento da economia chinesa, inflação elevada, subidas das taxas de juro e mais um conjunto de fatores. Calcula-se que este ano a economia alemã decresça entre 0,2% e 0,4%. Na Alemanha como em muitos países da União Europeia, a economia está a começar a abrandar devido a fatores comuns ou intrínsecos a cada país.

O governo alemão interpretou corretamente o problema e percebeu onde deveria atuar: junto de quem cria riqueza e coloca o resto do país a funcionar em termos económicos e sociais, que são nada mais nada menos que as suas empresas industriais, principalmente os largos milhares de pequenas e médias empresas industriais, que dão emprego a milhões de pessoas.

Tal como o próprio Governo alemão refere “antes da distribuição vem o lucro”, mas parece que este pensamento racional e lógico incomoda muita gente por cá, principalmente por não perceberem ou não quererem perceber como funciona a economia. É melhor protestar e fazer ruído, em vez de procurar positivamente soluções construtivas, que sejam possíveis de implementar.

A já famosa possível “Lei Lindner”, que fica conhecida como “Lei de oportunidades de crescimento”, vai conceder milhares de milhões de euros de incentivos fiscais e redução de impostos societários, que irão vigorar durante quatro anos.

Exemplos destas iniciativas são: uma drástica e inédita redução dos impostos sobre o consumo energético; redução de impostos sobre os lucros e medidas que promovam a redução dos custos de construção. A proposta final ainda não está totalmente definida, mas o Governo alemão reconhece que é através da produção industrial que o país entrará de novo no caminho do progresso e não através do apoio ao consumo, que ainda gera mais inflação. Apesar de ainda não se saber o valor e amplitude total dos apoios, uma coisa é certa, quando o governo alemão decide é mesmo para fazer e produzir os efeitos desejados.

É da indústria e particularmente da transformadora que se cria riqueza, que depois reverte para o resto da economia e coloca um país a crescer.

Já agora, quais as iniciativas de apoio à indústria transformadora que o Governo português prevê tomar, numa altura em que notoriamente o crescimento económico começa a abrandar? Estarão contempladas no próximo orçamento? Quem souber que responda, porque eu tenho sérias dúvidas que venham a existir, e muito menos de uma forma parecida como as que o Governo alemão vai fazer.

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