Em Guimarães, o desenho de Dayana Lucas encontra-se com o de José de Guimarães

Exposição da artista luso-venezuelana marca temporada dos vários espaços de Guimarães até ao final do ano. Além de música, teatro e dança, na programação constam encontros com a população migrante.

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Artista luso-venezuelana Dayana Lucas terá a antológica Cifra em Guimarães dr

O Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) é um museu de arte contemporânea com vocação internacional, mas até ao final do ano irá olhar para o território. A inauguração, no dia 30 de Setembro, da exposição antológica Cifra, da artista luso-venezuelana radicada no Porto Dayana Lucas, marcará a temporada dos vários espaços culturais de Guimarães no próximo quadrimestre, para os quais estão ainda previstos espectáculos de música, teatro, dança, e encontros dirigidos à população migrante.

Sucessora da exposição Interminável, do luso-brasileiro Artur Barrio, Cifra irá interagir, através do desenho, com o espaço do CIAJG, e a obra e as colecções de arte africana, sul-americana e oriental, em permanência no museu, do seu fundador José de Guimarães. “O trabalho de Dayana Lucas é essencialmente a partir do desenho, e nesse campo iremos ter uma relação com o desenho de José de Guimarães, num encontro intergeracional. A Dayana é um nome para ficarmos atentos porque nos traz uma visão pouco convencional daquilo que entendemos por desenho”, assinalou ao final da manhã desta terça-feira a curadora da exposição, Marta Mestre, durante a apresentação do programa para os próximos quatro meses d’A Oficina, cooperativa municipal responsável pela gestão dos espaços culturais em Guimarães.

A também directora artística do museu lembrou que Dayana Lucas, que a partir do Porto fundou “uma série de projectos colaborativos em que a poesia, a música, e os projectos experimentais se cruzam”, pertence à “geração Stop, que reivindica espaço para as artes e uma outra forma de colaboração entre artistas”. No CIAJG, onde a colecção tem “capacidade para falar do mundo de hoje, das questões de diversidade, de polifonia, de exclusão, de migração, e de trânsitos” e há espaço para “trabalhar para além das categorias convencionais da arte como pintura, escultura ou outro tipo de disciplinas”, Dayana Lucas terá liberdade para expor num “território de hibridizações”.

Exposição de Dayana Lucas irá interagir, através do desenho, com as colecções, em permanência no museu, do seu fundador José de Guimarães dr
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Exposição de Dayana Lucas irá interagir, através do desenho, com as colecções, em permanência no museu, do seu fundador José de Guimarães dr

Ainda a 30 de Setembro, o CIAJG inaugurará quatro exposições dos artistas emergentes Bárbara Fonte, Cláudia Cibrão, Guache, e da dupla Lucas Carneiro e Manuel Costa, “apostas que vamos acompanhar no futuro”, adiantou Marta Mestre. As exposições, que deambulam entre as artes visuais, as media arts e a performance, resultam do “Laboratórios de Verão”, programa de apoio à criação artística lançado há oito anos pelo gnration, em Braga, e que no último ano contou com a colaboração do CIAJG. Em Braga, os trabalhos ficarão expostos até 16 de Setembro, e em Guimarães entre 30 de Setembro e 28 de Janeiro.

A inauguração das exposições far-se-á acompanhar do DJ set de Chima Isaaro na praça da Plataforma das Artes e da Criatividade, onde o CIAJG se insere. “É uma praça que queremos cada vez mais habitar, juntamente com o museu e com a cidade, criando relações com os públicos”, sublinhou a directora artística.

Música e encontros com migrantes

A música também estará presente em força no último ciclo cultural do ano em Guimarães. A temporada abre já esta sexta-feira com o festival Manta, nos jardins do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), com as actuações de Tristany e de Lura, seguindo-se Aline Frazão e Nancy Vieira no dia seguinte.

A programação do CCVF para os próximos meses será o preâmbulo para 2024, onde o programa incidirá sobre a “questão dos vínculos ao território”, comentou Rui Torrinha, director artístico do CCVF, espaço que este ano comemora a maioridade dos 18 anos. Até Dezembro, o CCVF recebe, entre outros, os concertos de Jazzanova, Cinematic Orchestra, Gabriel Prokofiev e Mr Switch com a Orquestra de Guimarães, e Pedro Mafama. E será palco da 32.ª edição do Guimarães Jazz, que entre os dias 9 e 18 de Novembro contará com a presença, entre outros, do contrabaixista Buster Williams, que se irá apresentar com a banda Something More, do guitarrista israelita Gilad Hekselman, do saxofonista norte-americano Immanuel Wilkins e do pianista Aaron Parks.

Quanto à programação de teatro, o CCVF acolhe, entre outras, as peças Palco Principal, nova criação do colectivo SillySeason (23 de Setembro), e As Castro, de Raquel Castro (15 de Dezembro). Na dança, a dupla Jonas&Lander apresentará Cascas d'OvO (15 de Setembro), Josefa Pereira trará Campo Força Chama (14 de Outubro), e Onde está o Relâmpago que Vos Lamberá as Vossas Labaredas, de Hugo Calhim Cristovão e Joana von Mayer Trindade (25 de Novembro).

Ainda em Novembro, em todos os sábados do mês, o CIAJG irá acolher o ciclo “Primeiros Encontros”, destinado à população migrante residente em Guimarães. Actualmente moram no concelho pessoas oriundas de 100 países e o ciclo, inspirado na mundivisão do museu, procurará promover encontros e debater “as histórias de vida, as viagens, a diversidade, a inclusão, e a(s) cultura(s)...”, anuncia-se na programação.

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