O fim das trotinetas eléctricas em Paris já estava anunciado — agora é real
Paris tornou-se a primeira capital europeia a proibir as trotinetas de aluguer nas suas ruas. O espaço que deixaram vazio vai ser preenchido pelas bicicletas eléctricas das mesmas empresas.
Esta sexta-feira, as trotinetas eléctricas de aluguer deixaram oficialmente de ter autorização para circular em Paris. Era o passo que faltava, depois de, no início de Abril, o referendo que perguntou aos parisienses se as trotinetas deviam continuar a operar no centro da cidade ter ditado que não — com 89% dos votos dos 103.000 cidadãos que acorreram às urnas.
Chegou a hora de atender à vontade popular, tal como foi prometido por Anne Hidalgo, autarca de Paris. É que com o fim do mês de Agosto chegaram também ao fim os contratos com as três operadoras de trotinetas de aluguer em Paris: Lime, Dott e Tier. Os contratos, em vigor desde Outubro de 2020, permitiam que estas três empresas pusessem a circular 15.000 trotinetas na capital francesa.
Paris tornou-se, assim, a primeira capital europeia a proibir as trotinetas de aluguer nas suas ruas. Estes veículos estão a ser progressivamente retirados e já há muito poucos nas ruas do centro de Paris, de acordo com o Le Monde.
“Escolhemos a simplificação, a favor de um espaço público mais calmo e menos desordenado”, disse David Belliard, vice-presidente da Câmara Municipal de Paris, citado pelo mesmo jornal. Entre as razões para a decisão cita “o sentimento de insegurança” entre os peões, especialmente os mais velhos.
É que, só em 2021, pelo menos três pessoas morreram nos mais de 450 acidentes registados com trotinetas eléctricas em Paris, de acordo com os números referidos pela Reuters em Abril. Mas há mais razões que levaram os parisienses a votar contra, como o estacionamento errático destes veículos.
O ziguezaguear constante das trotinetas coloridas no centro da capital vai tornar-se uma coisa do passado: “É possível viver numa cidade grande sem trotinetas eléctricas de aluguer”, afirma, peremptório, Belliard.
Porém, há quem não tenha tantas certezas (ou vontade de enfrentar uma grande cidade sem trotinetas): “Deixa-me triste porque gosto de me deslocar assim, sem o stress de ter de usar um carro ou de poder ficar presa em engarrafamentos”, alega Valerie Rinckel, utilizadora destas trotinetas, ouvida pela AFP, uns dias antes da entrada em vigor da proibição.
Já Anass Eloula, outro cliente, afirma que é mais “seguro parar agora e voltar às bicicletas e transportes públicos”.
Depois de Paris, o destino destes veículos vai ser a reparação. A seguir, partem para outras cidades ou países. As trotinetas da frota da Tier serão enviadas para a Alemanha, as da Dott vão para a Bélgica e Israel e as da Lime partem para Lille, Londres e Copenhaga. “Virámos a página das trotinetas” na região da capital de França, resume Xavier Miraillès, director de relações públicas da Lime à AFP.
O espaço que deixaram vazio vai ser rapidamente preenchido — com as bicicletas eléctricas de aluguer das mesmas três operadoras. “O desenvolvimento das bicicletas está a crescer”, afirma Miraillès, cuja empresa quer pôr a circular 10.000 bicicletas, que irão competir com as da rede de mobilidade partilhada municipal, as Vélib'.