Federação Espanhola de Futebol defende inocência de Luis Rubiales

A Federação Espanhola de Futebol refuta a versão de Jenni Hermoso e pondera processar jogadoras. Ministro diz que, do que depender do governo, estas “serão as últimas horas de Rubiales” na Federação.

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Luis Rubiales e a selecção espanhola na recepção de Pedro Sanchez, no passado dia 24, em Madrid Reuters/JUAN MEDINA

A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) publicou na noite de sexta-feira um comunicado em defesa do presidente Luis Rubiales, face às alegações da jogadora Jenni Hermoso, que, através do sindicato das futebolistas espanholas (FUTPRO), negou o consentimento do beijo na boca dado por Luis Rubiales, durante os festejos da conquista do Mundial, no domingo.

"Quero esclarecer que, em nenhum momento, consenti o beijo que ele [Luis Rubiales] me deu e em nenhum caso procurei levantar o presidente. Não tolero que minha palavra seja questionada e muito menos que se inventem palavras que eu não tenha dito", esclareceu Hermoso. A posição da jogadora foi secundada pelas colegas de selecção e por outras 58 atletas espanholas, num total de 81 signatárias do documento. E, em conjunto, as futebolistas foram mais longe, deixando claro que "não voltarão a uma convocatória da selecção se os actuais dirigentes prosseguirem" nos cargos.

Por sua vez, a RFEF começa por ressalvar que tentou contactar Jenni Hermoso, mas sem sucesso. Além disso, lê-se no comunicado, a Federação espanhola e irá defender a "honorabilidade" de Luis Rubiales, "que expôs de forma clara e simples" o sucedido, horas antes.

Neste comunicado apenas foi abordada a "intenção" de Hermoso levantar Rubiales, corroborada por fotografias que servem para defender a versão de Rubiales.

"Jennifer Hermoso, com os braços, agarra o Presidente da RFEF por trás, enquanto o Presidente fica com os braços soltos na parte superior das costas da jogadora. Portanto, nenhuma força poderia exercer. (...) A inclinação das costas de Jennifer Hermoso, que ocorre quando ela realiza uma acção de força, é indiscutível. Os pés do Presidente são levantados do chão como resultado da acção de força exercida pela jogadora."

A RFEF pondera ainda avançar com processos judiciais contra Jennifer Hermoso e as jogadoras que signatárias do comunicado publicado pela FUTPRO.

Ao princípio da tarde de sexta-feira, Luis Rubiales descartou a possibilidade de se demitir, num discurso em que acusou os membros do governo espanhol, a imprensa e várias personalidades de lhe quererem fazer "um assassinato de carácter", acrescentando que irá processar quem o acusou de "violência sexual". O dirigente foi aplaudido na Assembleia Extraordinária da RFEF, por exemplo, pelo seleccionador masculino Luis de la Fuente. Na plateia estava também o seleccionador feminino Jorge Vilda.

Apesar do coro crítico que se intensificou após tais declarações, há vozes dissonantes, como a do treinador do Paris Saint-Germain, o espanhol Luis Enrique, que elogiou a gestão de Luis Rubiales na RFEF. "Creio que o presidente reconheceu os seus erros e não será necessário eu opinar sobre este assunto", acrescentou o técnico.

Entretanto, o presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD) espanhol já garantiu que está em curso uma denúncia ao Tribunal Administrativo do Desporto por "infracções muito graves" de Luis Rubiales. "Estamos prontos para que este seja o Me Too espanhol e que isso signifique uma mudança. Há coisas que não podem voltar a acontecer", disse o presidente do CSD, Victor Francos, simultaneamente secretário de Estado para o Desporto.

Na mesma linha, o ministro da Cultura e do Desporto espanhol, Miguel Iceta, já garantiu ao El País que, do que depender do governo, estas "serão as últimas horas de Rubiales" à frente da RFEF.

Importa lembrar que está em curso uma candidatura conjunta de Espanha, Portugal e Marrocos à organização do Mundial de 2030. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, já garantiu que a candidatura está acima de "quais pessoas ou cargos".

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