Cartas ao director

A falta de vontade de ajudar, a reacção ao escrutínio das associações de bombeiros e o difícil exercício de reconhecer informação nas redes sociais, na opinião dos nossos leitores.

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Egoísmo: praga em expansão

De acordo com uma "Reportagem Especial" da SIC, com o título “Quem ajuda”, soubemos que “Portugal ocupa o fundo da tabela da União Europeia em termos de voluntariado, com uma taxa de participação de 6%, muito abaixo de países que chegam aos 40%. Depois da pandemia, o número de voluntários nacionais diminui ainda mais”.

Já desconfiávamos desta situação pouco cristã de não ajudar o próximo como a si mesmo.

O egoísmo tornou-se numa verdadeira praga em expansão, derivada de maus exemplos adquiridos, como por exemplo "olha para o que eu digo, mas não olhes para o mal que faço".

Actualmente, (quase) ninguém faz o mínimo "exigido" no mais baixo patamar do filantropismo e da moral.

A exigência de direitos individuais e colectivos sobrepõe-se desmesuradamente aos respectivos deveres e obrigações, distorcendo qualquer pacto social.

Também a baixa natalidade contribui para se ser mais egoísta e não solidário: um filho único não reparte nada com um irmão.
José Amaral, Vila Nova de Gaia

Boa vontade e escrutínio

É indiscutível o enorme esforço e dedicação que abnegada e voluntariamente muitos bombeiros dedicam a causas humanitárias e solidárias. Merecem, sem dúvida, o nosso respeito, reconhecimento e agradecimento.

No entanto, os bombeiros e respectivas associações não são certamente um corpo único e homogéneo. Como em todos os sectores, haverá pessoas com diferentes valores e princípios. Os elementos e corporações sãos terão todo o interesse em ver separado o trigo do eventual joio. Por isso custa a entender as reacções generalizadoras de “virgem ofendida” de cada vez que é evocado algo que potencialmente pode não estar correcto no meio.

O seu mérito não invalida o poder/dever questionar a forma como são financiados e como gerem os seus fundos. O facto de serem dedicados e voluntários não deve constituir blindagem ao escrutínio.

O problema recorrente que temos com os incêndios florestais deve fazer-nos questionar se estamos a fazer tudo correctamente em termos de formação, utilização de meios, estratégias de prevenção, etc.

Quem não deve não teme; quem tem espírito aberto ouve e aprende… e de virgens ofendidas está o inferno cheio.
Carlos Sampaio, Esposende

O maldito Tupin

Alguém nos quis dar um gato chamado Tupin, mas declinámos tal oferta.

Gostamos de gatos, mas este parecia encarnar quase toda a malvadez humana no seu expoente máximo em maldade. Vá-se lá saber o porquê.

Este gato é de cor alva, que contrasta com a sua endógena ruindade; os olhos são azuis, que parecem punhais quando olham.

Sabemos que, em mais novo, o seu grande prazer era caçar ratos nas escadas da velha casa onde morava. Mas não os comia.

A sua malvadez tem-no acompanhado ao longo dos tempos: mata por prazer. E mais tenebroso ficou quando passou a vaguear pelos corredores e gabinetes de um sinistro local, chamado Nilmerk.

Agora, todos tentamos suster tanta malvadez acumulada. Todavia, não vemos essa hora chegar de vez.
José Amaral, Vila Nova de Gaia

Sem vergonha e sem verdade

O editorial do director do PÚBLICO de 18/8/2023 reforça – e bem – o que interessa num meio de comunicação social aos leitores que querem a verdade e têm alguma vergonha. Queremos ser bem informados, com verdade, credibilidade e circunscritos ao tema em “informação/notícia".

As redes sociais são o que são, só acredita quem quer. Nesses locais, qualquer "eu" pode escrever a sua verdade sem um pingo de vergonha.

O PÚBLICO continua credível, sem "encher chouriços", sem títulos sensacionalistas para supostamente durante um mês ser o top das vendas, e depois ir desaparecendo, tal como irá suceder a tantos títulos de meios de informação escritos e não só que, de tão iguais, basta um de cada.

Esperemos ter PÚBLICO sempre com verdade, com qualidade, com vergonha e a vender só por ser como é.

Do resto, basta ir, quem vai, pelas redes sociais. É mais simples, mais prático, e cada um tem a sua verdade e a sua "vergonhice". Ou não.
Augusto Küttner, Porto

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