Manchester United não “iliba” conduta e descarta Mason Greenwood

Investigação interna conduzida pelo clube após recuo da justiça nas acusações de violência ao jogador leva avançado a assumir erros e a procurar uma carreira longe de Old Trafford.

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Manchester United optou por não reintegrar Mason Greenwood Reuters/XXSTRINGERXX xxxxx
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O Manchester United anunciou esta segunda-feira a dispensa do atacante Mason Greenwood, internacional inglês de 21 anos, depois de o clube de Old Trafford ter concluído uma investigação interna iniciada em Fevereiro deste ano.

Greenwood - considerado por muitos como o jogador mais entusiasmante dos “red devils” desde a chegada de Cristiano Ronaldo ao clube em 2003 - estava afastado de toda a actividade no clube desde a denúncia de uma alegada tentativa de agressão, manipulação emocional e violação que a Procuradoria da coroa britânica acabou por não levar a julgamento após a “perda” de testemunhas-chave e do surgimento de novos elementos que reduziam, segundo a acusação, as reais probabilidades de uma condenação.

Apesar do desfecho favorável ao jogador, após um ano de investigação policial e judicial, o clube foi mais longe para apurar responsabilidades neste processo que agora produziu este desfecho, justificado numa comunicação pública.

“Todos os envolvidos, incluindo o Mason, reconhecem as dificuldades de prosseguir a carreira no Manchester United. Nesse sentido, foi considerado, de comum acordo, que seria mais apropriado para o jogador fazê-lo fora de Old Trafford, pelo que trabalharemos com o Mason no sentido de obter uma saída”, refere o clube dos internacionais portugueses Diogo Dalot e Bruno Fernandes.

Richard Arnold, CEO do Manchester United, admitiu que durante os últimos seis meses o clube considerou e planeou a possibilidade de reintegrar Greenwood no plantel profissional antes de assumir uma posição definitiva, que teve em consideração vários aspectos e factores, como os direitos e perspectiva da alegada vítima, sem ignorar os valores e padrões éticos do clube.

Também a indignação e sentimento de frustração manifestados por funcionários do clube - referidos nos media ingleses - e pelas jogadoras da equipa feminina do Manchester United poderá ter pesado na decisão.

“Com base nas provas a que tivemos acesso, concluímos que, relativamente ao material publicado online, o Mason não podia ser ilibado de forma clara e inequívoca das acusações. O próprio Mason reconheceu publicamente ter cometido erros, estando disposto a assumir as suas responsabilidades”, refere o documento do Manchester United.

Mason Greenwood fez, igualmente, uma declaração em que afirma estar ciente de que será publicamente julgado pelo que foi veiculado nas redes sociais, admitindo que as pessoas pensarão o pior dele a este propósito.

Greenwood fez ainda uma declaração em que sublinha o facto de todos os comportamentos abusivos e violentos serem profundamente errados, alegando não ter feito aquilo de que foi acusado, assumindo apenas ter cometido erros que o levam a querer melhorar e tornar-se num bom exemplo como profissional, pai e companheiro.

Greenwood vê a decisão de deixar o clube onde fez toda a formação (desde os sete anos) como um processo de entendimento entre o Manchester United, a sua família e ele próprio, e a melhor solução para todos.

Por seu lado, a “Women’s Aid” reagiu ao comunicado do Manchester United para sublinhar que a decisão de cessar o vínculo com o jogador “é um alívio para muitos sobreviventes de abusos e violência doméstica” atendendo ao impacto do futebol e dos clubes na sociedade, à adoração e idolatria dos jogadores pelos fãs, bem como ao entendimento do que deve ser aceite e tolerado pela sociedade.

Para a “Women’s Aid”, o facto de frequentemente as vítimas nem sequer apresentarem queixa na polícia e de a maioria dos casos de violência doméstica não resultarem em condenações acentua o papel vital de clubes e demais empregadores na abordagem a casos semelhantes que ultrapassam o sistema judicial. No caso do futebol, é ainda salientada a importância de educar os jogadores desde as camadas jovens, bem como a necessidade de dirigir campanhas no sentido de assumir activamente um papel e uma posição clara sobre sexismo e misoginia nos clubes.

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