Aos 36, Novak Djokovic chega aos 39

Jogo muito disputado e intenso entre os dois primeiros do ranking mundial de ténis. Coco Gauff conquista título feminino em Cincinnati.

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Djokovic celebrou entusiasticamente a conquista de mais um torneio da categoria Masters 1000 Reuters/Katie Stratman
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Ainda sem ter terminado o mês de Agosto, a final masculina do Western & Southern Open pode ser já considerada como uma das melhores do ano. Sem discussão é o facto de o encontro de três horas e 49 minutos ser a mais longa final disputada à melhor de três sets desde a criação do ATP Tour, em 1990. Carlos Alcaraz e Novak Djokovic disputaram três equilibradíssimas partidas, em particular a última, quando já se temia que um deles cedesse fisicamente. O nível exibicional de ambos foi de tal maneira alto que a indefinição quanto ao vencedor durou até ao derradeiro ponto, ganho por Djokovic. Outro facto confirmado por Alcaraz e Djokovic em Cincinnati é que são, claramente, os dois melhores tenistas da actualidade e os grandes favoritos ao título no US Open, que tem início na próxima semana.

“Parecia mesmo uma final do Grand Slam. Sempre que jogamos vamos até ao fim e seria bonito se voltássemos a defrontar-nos no US Open”, afirmou Djokovic, que teve de salvar um match-point, a 5/6 no tie-break do segundo set, antes de vencer o espanhol de 20 anos, por 5-7, 7-6 (9/7) e 7-6 (7/4), e erguer o 39.º troféu da categoria Masters 1000. Alcaraz liderou por 7-5, 4-2, mas acabou por não resistir à reacção do adversário de 36 anos. O número um do ranking teve de anular quatro match-points, quando viu Djokovic servir para fechar o encontro, a 5-4 da terceira partida e a indecisão só terminou no nono ponto do tie-break decisivo, quando o sérvio fez um mini-break que lhe permitiu servir a 5/4.

“Foi uma montanha russa, comecei bem em condições muito quentes e a cada hora as condições foram mudando e foi ficando mais fácil, sem o sol. No início, debati-me bastante com o calor, ele estava em controlo, mas, a certa altura do segundo set, fiz um bom jogo do lado da sombra e acreditei que podia recuperar. Salvei um match-point, ele salvou vários, ambos estivemos muito bem fisicamente e foi sem dúvida um dos mais entusiasmantes, completos e duros encontros que já joguei”, confessou Djokovic.

Ao contrário do rival, que venceu todos os encontros em dois sets até à final, Alcaraz precisou sempre de um set decisivo nas quatro rondas anteriores. E no final, foi o espanhol que começou a sentir cãibras na mão direita. “O nível de ténis elevou-se no terceiro set, poucos segundos para recuperar entre cada ponto e, a determinado momento, estamos praticamente em piloto automático. Temos ambos de estar orgulhosos pela forma como lutámos”, frisou Djokovic, o mais velho campeão em Cincinnati – batendo o recorde de Ken Rosewall, vencedor em 1970, com 35 anos – e terceiro na lista dos mais titulados, com 95 troféus – só atrás de Jimmy Connors (109) e Roger Federer (103).

Depois de um discurso emotivo durante a entrega de prémios, em que admitiu que aprendeu muito nesta final, Alcaraz mostrou-se optimista com a exibição realizada no reencontro com Djokovic, depois de o derrotar na final de Wimbledon. “Estou muito orgulhoso de mim, sinceramente. Não sei porque estava a chorar, porque lutei até ao último ponto e quase venci um dos melhores de sempre do nosso desporto. É um pouco maluco dizer isto agora, mas saí do court muito contente com o que fiz”, disse o mais jovem finalista do torneio desde Pete Sampras, em 1991.

Horas antes, Coco Gauff conquistou o maior título da carreira, ao derrotar na final do Western & Southern Open, a checa Karolina Muchova, por 6-3, 6-2. A norte-americana de 19 anos é a mais jovem campeã do torneio e é a primeira teenager a somar cinco títulos desde Caroline Wozniacki em 2009.

Gauff chegou ao derradeiro dia de competição com a confiança no ponto mais alto, depois de derrotar na véspera a número um do ranking, Iga Swiatek, por 7-6, 3-6 e 6-4; nos sete embates anteriores com a polaca, Gauff não tinha ganho um único set. Uma mudança drástica na mentalidade da jogadora que, há sete semanas, perdeu na primeira ronda de Wimbledon.

“Isto é incrível, especialmente depois do que passei este Verão na Europa. Passei muitas noites a chorar sozinha, a tentar perceber o que estava mal”, admitiu Gauff que, nas últimas semanas reformulou a sua equipa técnica, recorrendo ao treinador espanhol Pere Riba e, como conselheiro, ao antigo número quatro mundial, Brad Gilbert.

Muchova, que, nas meias-finais afastara Aryna Sabalenka (2.ª do ranking), qualificou-se para a sua primeira final WTA 1000 depois de vencer quatro das cinco rondas anteriores em três sets e sentiu falta de energia para contrariar Gauff. Apesar da derrota, a checa, que há um ano estava fora do top 200, subiu sete lugares e estreia-se esta semana no top 10 – é a sétima tenista da República Checa desde 2000 a figurar entre as dez primeiras do ranking.

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