Cartas ao director

A nova ponte sobre o rio Trancão, o combate aos fogos e Mário Cesariny são alguns dos temas das cartas dos nossos leitores.

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Nome da nova ponte sobre o rio Trancão

Face à controvérsia suscitada pela atribuição de nome à ponte construída sobre o rio Trancão, no âmbito do arranjo do espaço para a realização da Jornada Mundial da Juventude 2023, tomo a liberdade de sugerir que, atendendo ao objectivo da sua construção, à dimensão da obra, à sua estética, e a um forte apelo que nas referidas jornadas foi feito, lhe seja atribuído o nome de "Ponte de Todos".
João Silva, Coimbra

Coordenação no combate aos fogos

Grande parte das notícias sobre o combate aos fogos mais recentes continua a referir mal-entendidos nos procedimentos nas comunicações de alertas e de coordenação nas operações nos combates. Redes de comunicações entre comando e operacionais que falham, operacionais que esperam ordens para procederem ao combate, meios parados porque há desconhecimento do terreno, falhas na logística, particularmente no apoio alimentar aos bombeiros, e outras que as populações têm referido. Castelo Branco, Monsanto, S. Teotónio...

Os meios e os operacionais estão disponíveis, mas será que os comandos estão à altura? Há conhecimento da realidade actual do que existe no terreno, os dados de que os comandos dispõem estão actualizados? As câmaras municipais e os ministérios respectivos informam a Protecção Civil de quantas novas explorações agrícolas, novas construções, novos equipamentos turísticos estão nas áreas envolvidas nos incêndios para se poder planear um combate com prioridades, que salve vidas humanas mas também o património de uma vida trabalho? Tenho muitas dúvidas depois de ouvir e ler o que se passou nestes últimos dias.
Rafael Serrenho, Alandroal

O testamento de Cesariny

Na pequena barca do surrealismo de Lisboa, singrou Cesariny como poeta maior e pintor menor. Como lhe era insuportável a sombra tutelar de Pessoa sobre a poesia do seu tempo, como a Pessoa incomodava, aliás, o peso de Camões, seu Adamastor, Mário Cesariny (“ó, meu deus”) de Vasconcelos quis viver a vida, às avessas do cerebralismo pessoano, sobre a grande passadeira do amor (assumidamente homossexual). Por isso mesmo, pagou o preço, com o seu próprio corpo, dos vexames públicos e da prisão, em França, por “maus costumes”. Nele, realmente, nenhum intervalo hipócrita poderia reluzir entre o dizer e o fazer.

Neste centenário do nascimento de Cesariny, é bom que lembremos igualmente o testamento do homem, no qual se determina a doação de mais de um milhão de euros à Casa Pia. Terá sido, por certo, para Cesariny, o derradeiro exercício poético, irradiando, pois, por todos os poros, o seu característico humor negro. Na galeria dos notáveis da Casa Pia, com efeito, passam a estar lado a lado (suprema ironia!) o intendente Pina Manique e o surrealista Cesariny.
Eurico de Carvalho, Vila do Conde

Marta Paço

“O mar não sabe que eu sou cega.” Foi assim que Marta Paço, jovem surfista portuguesa que se sagrou campeã mundial de surf adaptado na classe VI1, reagiu à vitória. Impressionante a sua vontade de viver na relação que tem com o mar. O mar não sabe que ela é cega, mas sabe a sua coragem e vontade de viver. A poesia é a melhor forma de partilhar essa fulgurante visão da vida. "De todos os cantos do mundo/Amo com um amor mais forte e mais profundo/Aquela praia extasiada e nua/Onde me uni ao mar, ao vento e à lua”, escreveu Sophia de Mello Breyner. A Marta tem o coração do tamanho de todos os oceanos. Viva a vida.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Gandhi, Che Guevara e Mandela

No dia 18 do corrente mês, no PÚBLICO, encontramos o artigo "A franqueza de Eduardo Catroga e a pobreza dos portugueses", escrito por Carmo Afonso. Neste somos comparados ao mexilhão – que se lixa quando o mar bate na rocha – e lemos frases como: "O mar está muito bravo" e "Reparem que injustiça social nunca foi o berço da paz".

Ao observar o que acontece no mundo que nos rodeia, concluo que estão criadas as condições para que surjam os Gandhi(s), Che(s) e Mandela(s) do século XXI. Se estes não aparecerem, em breve estaremos sob o controlo de meia dúzia de criminosos – esta economia mata, disse o Papa Francisco.
António Linhan, Londres

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