Benfica soube mudar para ganhar a Supertaça

“Encarnados” triunfam por 2-0 e conquistam o troféu pela nona vez da sua história. Di María e Musa marcaram os golos, Pepe e Sérgio Conceição foram expulsos.

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Di Maria marcou o primeiro golo do Benfica LUSA/ESTELA SILVA
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O Benfica entrou a ganhar na nova época, ao conquistar a Supertaça Cândido de Oliveira com um triunfo, em Aveiro, por 2-0, sobre o FC Porto. Foi a nona vez que os "encarnados" conquistaram o primeiro troféu da temporada no futebol português, mas só o fizeram depois de Roger Schmidt ter mudado de ideias ao intervalo para uma equipa que fazia sentido. E o FC Porto, habitualmente tão seguro de si mesmo nestes clássicos, começou por dominar, mas acabou dominado.

Como que a responder aos que dizem que jogam sempre os mesmos, Roger Schmidt surpreendeu e não foi pouco. Jogou sem ponta-de-lança (Musa era apontado ao “onze”), usando Rafa como referência móvel num ataque a três com Aursnes e Di María, mais um meio-campo povoado com Neves, Kokçu e João Mário. A ideia seria ter controlo e erguer um muro em zonas altas do campo e manter sempre o jogo do lado do FC Porto. Mas se há equipas que sabem lidar com isto são as equipas de Sérgio Conceição, cuja única meia-surpresa foi Danny Namaso para parceiro de ataque de Taremi.

O que o jogo começou por mostrar foi o FC Porto a aplicar a pressão e o Benfica sem saber bem o que fazer e muito vulnerável, sobretudo no lado direito da sua defesa. E foi por aqui que Galeno entrou duas vezes nos primeiros nove minutos. Logo na bola de saída, jogo aéreo do Taremi a distribuir e Galeno a investir pelo flanco, com um remate que saiu ao lado.

Aos 9’, novo remate do extremo brasileiro que falhou o alvo. E aos 13’, um belo passe picado de Pepê para Taremi, mas o iraniano também falhou a baliza.

O plano do “falso 9” não estava a resultar. Dava a sensação de que a equipa não estava arrumada e que não havia grande definição de papéis entre os médios. E jogadores como Rafa ou Di María não são propriamente os melhores intérpretes para a pressão alta, nem para recuar para tarefas defensivas.

Mas a pressão portista, apesar de todos os apelos de Sérgio Conceição, baixou de nível e deixou os “encarnados” respirarem um bocadinho, não que isso tivesse grandes reflexos no ataque. Só as iniciativas individuais de Di María é que passavam por jogadas de ataque, nada mais.

O que Schmidt fez para a segunda parte foi como que uma admissão de culpa pelo seu plano inicial de ataque. Basicamente, arrumou a casa, com a entrada de um ponta-de-lança, Musa, e com um novo lateral-esquerdo, Jurasek, para os lugares de João Mário e Ristic. E logo a equipa pareceu diferente, sobretudo com Musa, bem mais eficaz a estar em cima dos centrais, recuando Rafa para o lugar que mais lhe convém.

Se o Benfica tinha conseguido equilibrar o jogo nos últimos minutos da primeira parte, assumiu o controlo na segunda. Do lado portista, percebeu-se a falta que Uribe vai fazer, um médio omnipresente com funções alargadas que Grujic não consegue ser. E com a equipa a fazer mais sentido, é mais fácil que os desequilibradores façam a diferença, como aconteceu aos 61’. Bola perdida por Pepê e ganha por Kokçu, o turco direccionou para Di María e o campeão do mundo argentino fez o resto, um golo de grande classe. Foi para estes momentos que o Benfica promoveu o regresso do craque argentino.

O FC Porto já estava por baixo no jogo e foi parecendo cada vez mais perdido, o que não é muito habitual com Conceição, especialmente tendo em conta que uma das coisas que tinha a seu favor era a familiaridade de todos os jogadores. O Benfica continuou a carregar e, poucos minutos depois do primeiro, marcou o segundo. Rafa viu bem o posicionamento de Musa e o croata não teve dificuldade em fazer o 2-0. Pode não ter sido titular e, com a chegada de Arthur Cabral, dificilmente terá esse estatuto, mas não deixa de ser útil.

Conceição bem tentou lançar sangue novo na equipa (Navarro, Baró, Borges), mas tudo ficou ainda mais difícil aos 89’, com a expulsão de Pepe, num lance em que o central atingiu Jurasek com o joelho. Os portistas ainda festejaram golo num remate tremendo de Galeno, indefensável para Vlachodimos, mas Luís Godinho, após ver as imagens, detectou uma irregularidade – braço de Borges no desenvolvimento da jogada.

Um golo nesta altura, ainda com cerca de sete minutos para jogar, ainda poderia alimentar a crença portista, mas, como não contou, ela desapareceu por completo. E no final, já depois de Sérgio Conceição ter finalmente aceitado a ordem de expulsão do árbitro depois de largos minutos de diálogo, só ficou a euforia benfiquista pela conquista e a sensação de trabalho bem feito.

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