Golo histórico de Thembi Kgatlana leva África do Sul a eliminar a Itália

Ex-Benfica eliminou a Itália nos “descontos” e levou a selecção banyana a um inédito apuramento para os oitavos-de-final.

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Thembi Kgatlana voltou a fazer história pelas Banyana Reuters/AMANDA PEROBELLI
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Thembi Kgatlana, melhor jogadora africana de 2018, autora do primeiro golo da história da selecção da África do Sul em Mundiais — no França 2019 —, voltou a encantar o universo banyana, que já tem encontro marcado com os Países Baixos e o sonho de organizar o Mundial 2027.

A atacante ex-Benfica, de 27 anos, escreveu mais um capítulo inesquecível ao apurar as sul-africanas para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo da Austrália e Nova Zelândia com um golo de última hora (90'+2’) no triunfo (3-2) sobre a selecção de Itália, no Grupo G… de Suécia e Argentina.

Nas redes sociais, a propósito do certificado “Forbes Africa 30 under 30 class of 2023 achievers” que distingue a profissional como membro dos alunos de elite, Thembi Kgatlana define-se como “apenas uma rapariga das poeirentas ruas de Mohlakeng a viver a sua melhor vida”.

Mas, tirando os comentários de alguns fãs que a “acusam” de ser um poço de individualismo — apesar de ter decidido continuar com as companheiras num período de luto em que perdeu três familiares nas duas últimas semanas — Thembi só tem razões para sorrir e celebrar o momento que esteve na iminência de viver à distância, depois de uma lesão no tendão de Aquiles que a afastou da competição durante quase um ano. O mais recente capítulo de uma história de superação contada por Nikolaos Kirkinis no livro “Strike a Rock: The Thembi Kgatlana Story” de 2021.

Uma história que “Pikinini”, alcunha que remete para o aspecto frágil de criança de Thembi, começou a escrever bem cedo. Primeiro, a tentativa de singrar em Itália (Nápoles e Parma), antes do regresso à Cidade do Cabo... Para nova investida pela mão da sua ex-seleccionadora, a neerlandesa Vera Pauw, que em 2018 apostou em Kgatlana para reforçar o ataque do Houston Dash, da Liga norte-americana.

Uma aventura breve, a que se seguiu o Beijing BG Phoenix, da Liga chinesa, em 2019. Nesta dança de continentes, seguia-se a Europa, agora mais a sério, com o Benfica a recebê-la.

Com três golos em dois jogos e uma Taça da Liga na bagagem, a pandemia de covid-19 baralhava e voltava a dar, levando Kgatlana para Espanha, onde foi destaque no Eibar e no Atlético de Madrid antes de regressar aos Estados Unidos para defender as cores do Racing Louisville, onde tinha de se impor para garantir a segunda presença num Mundial.

Mas a vida nunca foi fácil para Kgatlana, que rompeu o tendão de Aquiles num jogo da Taça da Nações Africana frente ao Botswana, deixando-a num limbo de onde saiu em Maio para voltar aos relvados frente aos Orlando Pride, mostrando no jogo seguinte estar recuperada para os golos como o que agora levou a África do Sul aos oitavos-de-final, reforçando ainda os argumentos para uma candidatura à organização do Campeonato do Mundo de 2027, a discutir hoje numa reunião com a FIFA em Sidney.

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