Cartas ao director

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Recompensar quem toma seus alunos por reféns?

O Presidente da República recusou promulgar o diploma da carreira dos professores, por “frustrar a esperança” na “recuperação do tempo em que as carreiras estiveram congeladas”.

O prestigiado professor de Direito, actual Presidente, acaba de admitir que, se repetido e tolerado, o crime acabará por compensar. Fazer reféns é crime, e presumo que agravado, se os reféns forem crianças – para mais alunos seus que usam como meios, sem pruridos deontológicos.

Têm-no feito (e não são só os professores) reiteradamente, escolhendo os momentos que mais prejudicam a aprendizagem pelo maior impacto social que causam. Tudo isto com a conivência dos poderes públicos e a letárgica complacência dos cidadãos restantes a que agora o Presidente veio dar cobertura política e jurídica. (…) Os professores perderem a razão que tinham pela forma intolerável como a reivindicaram.

H. Carmona da Mota, médico pediatra, professor (aposentado) da Universidade de Coimbra

O “reino do Pineal”

As televisões e a imprensa anunciaram há dias, com grande estardalhaço, a existência desta nova comunidade, que se instalou ali para as bandas de Oliveira do Hospital. E não é caso para menos! Aquele grupelho assentou arraiais num terreno adquirido (salvo erro) por um futebolista estrangeiro. Ao que se viu, os intervenientes, de diferentes etnias, são de origem dinamarquesa e inglesa.

Espantosa é a ousadia de declararem abertamente que não aceitam a jurisdição de Portugal sobre o seu grupo, que se rege por “leis” próprias à dita comunidade; que se recusam a registar as crianças entretanto ali nascidas, e nem as outras frequentam qualquer escola; e um bebé recentemente falecido foi cremado e cinzas espalhadas, sem que o óbito fosse oficialmente declarado, ao contrário do que manda a lei portuguesa. Como cidadã legítima e cumpridora deste país, preocupa-me o silêncio do Governo (…). Impõe-se uma acção drástica antes que o país se torne uma manta de retalhos sem rei nem roque.

Teresa Silva-Gayo, Lisboa

Direito a ser ouvido

Vivo em Campo de Ourique há pelo menos 50 anos, em casa arrendada. Desde 2022 que assisto ao modo enviesado como se trata a res publica:

1. A empresa Metropolitano de Lisboa EPE não fornece estudos sobre a escolha da colocação da futura estação de metro no Jardim da Parada (prolongamento da Linha Vermelha). Os moradores deste bairro gostariam de saber quais foram os critérios e também gostariam de ter sido ouvidos antes da decisão tomada;

2. A junta de freguesia e CML insistem num projecto “Superquarteirão” para mitigar o descalabro quanto ao futuro daquele jardim. O projecto é retirar trânsito nas ruas à volta do Jardim da Parada e aí colocar esplanadas. Mais uma vez, os moradores não foram ouvidos e, que conste, não há estudos para esta iniciativa, ou, pelo menos, não são conhecidos.

Pergunta que se impõe: afinal, que democracia é esta que nos proíbe de participar nos assuntos que nos dizem directamente respeito?

Margarida Vicente, Lisboa

Os músicos do Stop

A febre da abertura de centros comerciais na cidade do Porto não trouxe prosperidade ao comércio portuense. Os centros comerciais Dallas e Stop, na Avenida da Boavista e na Rua do Heroísmo, respectivamente, assim o provam. Como foi possível a edilidade portuense ter permitido que 500 artistas fizessem do Centro Comercial Stop uma “casa da música” improvisada, sem as mínimas condições de segurança? Só agora Rui Moreira apresentou novas regras de funcionamento do centro. Esse espaço comercial pode ser um centro cultural, se a edilidade portuense o quiser. Não falta dinheiro à CMP. Se o dinheiro gasto em iluminações natalícias e artefactos pirotécnicos fosse canalizado para dar condições de vida a quem faz da cultura fonte de luz durante o ano, ao invés de ornamentações para alguns dias, a música seria outra. Lembro que perto do Stop funcionou a sede da PIDE/DGS. Seria de bom gosto que a cultura não morresse ali.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Os comentários são importantes

Duas palavras para dar conta do meu apreço pelos comentários dos leitores aos artigos publicados, o que é raro na nossa imprensa. Eles contribuem amiúde para um melhor entendimento do tema tratado, ao criticá-lo ou ajudando a complementá-lo. Não raras vezes, olho para o título do artigo e vou direito aos comentários e só depois decido se leio ou não o artigo.

Ronald Silley, Canadá

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