Estreia em Mundiais não teve final feliz para Portugal

A selecção portuguesa foi derrotada na manhã deste domingo pelos Países Baixos, por 1-0, num jogo onde sentiu sempre dificuldades ofensivas.

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O momento do golo dos Países Baixos Reuters
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A estreia de Portugal em fases finais de Campeonatos do Mundo femininos de futebol não teve um final feliz. Na manhã deste domingo, em Dunedin, na Nova Zelândia, a selecção nacional sofreu um golo na parte inicial e, ofensivamente, nunca conseguiu encontrar armas para recuperar da desvantagem. O golo do triunfo, por 1-0, dos Países Baixos foi apontado por Stefanie van der Gragté, após um lance de bola parada, um dos calcanhares de Aquiles das portuguesas.

O desafio era exigente e pedia a melhor face de Portugal num jogo histórico para o futebol feminino nacional, mas - mérito dos Países Baixos -, na estreia no Mundial 2023 a selecção portuguesa não replicou algumas das boas exibições que tem conseguido num passado recente.

Reconhecendo a dificuldade da tarefa que teria contra as neerlandesas, o seleccionador português Francisco Neto afirmou que Portugal não estava na Nova Zelândia apenas para “participar”. “Será melhor competir”. E, por isso, o estatuto das rivais não assustava: “Diz a história desta equipa que tem partido sempre abaixo das outras no ranking e não foi por isso que não conseguimos atingir os nossos objectivos.”

Assim, para evitar uma derrota na estreia que praticamente hipotecava as hipóteses de conseguir a proeza de ultrapassar a fase de grupos, Neto socorreu-se da estratégia utilizada no penúltimo jogo de preparação, em Inglaterra: a defender, Ana Borges juntava-se às centrais, com Tatiana Pinto a fechar a direita. O objectivo era blindar as portas da baliza de Inês Pereira, apostando depois na velocidade e talento de Jéssica Silva e Diana Silva, no ataque.

Porém, apesar de uma entrada em jogo positiva – muita agressividade e pressão sob a portadora da bola -, Portugal não teve o antídoto para curar uma das suas maleitas: a dificuldade em defender as bolas paradas.

Aos 12’, Lineth Beerensteyn teve a primeira grande oportunidade do jogo, mas a bola, depois de desviar em Diana Gomes, passou muito perto da barra. Na sequência do canto, Stefanie van der Gragté ganhou nas alturas e colocou de cabeça a bola no fundo da baliza portuguesa.

O lance foi inicialmente anulado por posição irregular de Jill Roord, mas após analisar as imagens a árbitra confirmou que a futura jogadora do Manchester City não teve interferência na jogada. Ainda na parte inicial da partida, Portugal via-se em desvantagem, o que condicionava muito o plano de jogo de Francisco Neto.

E, a perder, o treinador português não alterou a estratégia. Fechando sempre com cinco atrás, Portugal ficava curto no ataque e com as suas linhas muito afastadas. Com isso, os Países Baixos conseguiam ganhar quase sempre os duelos na zona central.

Como resultado disso, o final da primeira parte chegou sem qualquer remate português à baliza de Daphne van Domselaar, enquanto do outro lado Inês Pereira era colocada à prova com regularidade pelas avançadas neerlandesas.

Sem qualquer substituição ao intervalo, os últimos 45 minutos começaram com as “navegadoras” a repetirem o que tinham feito no início do encontro – pressão alta -, mas, aos 52’, foi Inês Pereira, com uma grande defesa, que evitou que Danielle van de Donk fizesse o 2-0.

Com o duelo de há um ano entre as duas selecções no Europeu ainda fresco na memória – Portugal marcou por duas vezes após ter uma desvantagem de 0-2 -, Francisco Neto prescindiu do quinteto a defender, recuperou o modelo mais utilizado pelas portuguesas (4x4x2) e, a 23 minutos do final, lançou Kika Nazareth, retirando de campo Dolores.

Apesar de recuperada a fórmula que tem conduzido as portuguesas ao sucesso, nessa altura os Países Baixos já tinham reduzido a margem de risco e, com as suas linhas mais recuadas, permitiam que Portugal tivesse mais bola. Todavia, os lances de perigo para a baliza das vice-campeãs mundiais continuavam a ser nulos.

Forçado a mudar, Neto fez uma substituição tripla aos 78’ – entraram Andreia Jacinto, Lúcia Alves e Telma Encarnação -, colocando pela primeira vez uma referência na área portuguesa. Resultado? Na primeira vez que tocou na bola, Encarnação construiu a primeira oportunidade de golo de Portugal em todo o jogo, mas Daphne van Domselaar defendeu com dificuldade.

Ficava ainda a faltar uma dezena de minutos, mas, até final, as portuguesas não voltaram a criar perigo para as neerlandesas, não evitando assim uma estreia infeliz em Campeonatos do Mundo.

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