As olimpíadas do clima

Alguém consegue ver hoje no objectivo da “descarbonização” o esboço de uma vontade de interromper a lógica de extracção dos recursos como se eles fossem infinitos?

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Ao longo de todo o mês de Julho, mas mais intensamente na última semana, as ondas de calor no Hemisfério Norte forneceram abundante e quotidiana matéria noticiosa nos media, às vezes sob a forma de relato de uma espécie de olimpíadas da catástrofe: todos os dias havia recordes de temperatura a serem atingidos, na terra e no mar, aqui e nos antípodas. O efeito deste desporto fatídico é o de criar um desejo inconfessável de superação, um amor pelo destino trágico, um amor fati. Quem passeia em Lisboa num dia de Verão e goza a temperatura amena e marítima de 28 graus, acontece-lhe ser induzido a entrar na onda rubra de entusiasmo olímpico que aplaude secretamente e sem querer os 43 graus em Roma ou os 40 graus em Nova Iorque.

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