Decisões do VAR comunicadas em tempo real no Mundial feminino

Árbitros vão explicar as decisões através dos sistemas de som dos estádios e nas transmissões televisivas dos jogos. A intenção é conferir transparência ao processo.

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Reuters/MOLLY DARLINGTON
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Pela primeira vez na fase final de uma competição de selecções organizada pela FIFA, as decisões tomadas com recurso ao videoárbitro (VAR) vão ser explicadas tanto no estádio, como na transmissão televisiva. Dentro de dois dias, na Austrália e na Nova Zelândia, quando começar o Mundial de futebol feminino, este formato vai ser posto em prática.

Em traços gerais, e nas palavras do Pierluigi Collina, presidente do comité de arbitragem da FIFA, a ideia é tornar o "processo mais transparente". Os testes que foram realizados no âmbito do Mundial de clubes, em Marrocos, e do Campeonato do Mundo de sub-20, na Argentina, ajudaram a afinar alguns detalhes, mas só com a prática os árbitros conseguirão interiorizar cada vez mais esta rotina de comunicação.

"Como em tudo na vida, há prós e contras. Depois da competição, voltaremos a discutir e a considerar o que será melhor para o futuro", vincou Collina, desvalorizando o desconforto que alguns árbitros poderão sentir por terem de explicar as decisões em inglês, num idioma que, em muitos casos, não será o de origem.

De resto, o fundamental é a tomada de decisão técnica e disciplinar no rectângulo de jogo, até porque existe a noção de que haverá alguma "pressão acrescida" sobre os árbitros. E se é verdade que foram realizados alguns torneios de preparação, dentro do sector, para que os protagonistas pudessem testar e treinar-se com esta ferramenta, por outro é preciso ter em ponto de mira o essencial.

Kari Seitz, líder da FIFA para a arbitragem no futebol feminino, mostra-se optimista: "Estou confiante que vamos alcançar 80 a 90% dos objectivos. O nosso propósito é fazer com que os espectadores compreendam melhor o que está a acontecer em campo", assinalou, salvaguardando que o sistema de som já foi testado e que tudo tem corrido conforme planeado.

Durante os jogos do Mundial feminino, competição na qual se estreará a selecção portuguesa, os árbitros poderão consultar um ecrã colocado junta a uma das linhas, e devem depois explicar e comunicar a decisão ao público, através de um microfone colocado na camisola. Sempre tendo em conta as quatro situações previstas no protocolo de intervenção do VAR: lances de golo, de potencial penálti, de eventual vermelho directo e de troca de identidades.

Simultaneamente, as repetições dos lances serão mostradas nos ecrãs gigantes dos estádios, bem como na transmissão televisiva. Uma vez tomada a decisão, será anunciada através da instalação sonora do estádio, podendo incluir alguns ou todos os elementos que se seguem: a decisão final, a razão para a decisão, qual o jogador que cometeu a infracção e alguns dados descritivos adicionais.

Este é o guião definido. O resultado final, esse, está nas mãos dos árbitros e da sua capacidade de comunicação: "A NFL [Liga de futebol americano] faz anúncios de decisões de arbitragem há 50 anos e ainda hoje assistimos a anúncios engraçados, com erros. Falar a um microfone em frente a 50, 60 ou 70 mil pessoas não é fácil", conclui Collina.

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