Ao décimo Tour, a primeira vitória para Wout Poels

O ciclista neerlandês foi o mais forte na 15.ª etapa. Na luta pela geral, voltou a haver empate entre Vingegaard e Pogacar.

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Wout Poels venceu a 15.ª etapa Reuters/STEPHANE MAHE
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Wout Poels é um “clássico” do pelotão internacional há mais de uma década, um gregário de luxo para as “estrelas”, sempre a mostrar pernas e pulmão para seguir com os melhores, mas, até este domingo, nunca tinha sido o primeiro a cortar a meta numa etapa. Mas esse “zero” desapareceu do currículo do experiente ciclista neerlandês da Bahrain, triunfante na 15.ª etapa da presente edição da Volta à França em bicicleta, em que em nove participações anteriores do Tour tinha um terceiro lugar como melhor resultado.

Numa longa e duríssima etapa, com chegada em subida, Poels foi quem vingou na fuga do dia vencendo o duelo com Wout van Aert (Jumbo), completando os 172km entre Les Gets e Saint-Gervais-les-Bains em 4h40m45s, menos 2m08s que o homem da Jumbo. Finalmente, o ciclista de 35 anos cortou a meta isolado na sua 21 participação em grandes voltas – no seu currículo, está um triunfo numa etapa da Vuelta em 2011, mas só lhe foi creditada em 2019, após a desclassificação por doping do espanhol Juan José Cobo, vencedor dessa tirada e da geral.

Foram anos a servir de escudeiro a homens como Chris Froome ou Geraint Thomas, e neste Tour estava destacado para “servir” os interesses do chefe-de-fila Mikel Landa – em teoria, seria o quarto da hierarquia da Bahrain, atrás de Landa, Jack Haig ou Pello Bilbao. Mas, não havendo já um candidato à amarela (Bilbao está no top 10, mas bem longe da frente), há liberdade para atacar. E foi o que fez Poels em mais um dia alpino do Tour.

Houve um grupo numeroso que se escapou ao pelotão logo no início da etapa. Aos poucos, o grupo foi-se reduzindo e, numa das subidas, o português Rui Costa (Intermarché) chegou a estar sozinho na frente. Mas seria por pouco tempo e, quando se chegou à ascensão final, já a luta estava reduzida a dois, entre Poels e Van Aert. O neerlandês forçou o ritmo e o belga não conseguiu seguir na sua roda.

Mais tarde que nunca, terá pensado Poels quando cortou a meta no Mont Blanc. Mas as suas primeiras palavras, tal como tinha feito Bilbao quando ganhou a 10.ª etapa, foram para Gino Mäder, o ciclista alemão que morreu em Junho passado em consequência de uma queda na Volta à Suíça. “Sempre sonhei ganhar uma etapa no Tour. E, depois da morte do Gino, tem um significado especial. Só acreditei nos últimos quilómetros. Tive de dar tudo e o Gino [que era seu colega na Bahrain] estava comigo. Gostei muito dos anos que passei na Sky [entre 2015 e 2019], mas nunca pude lutar por uma etapa. Desta vez, deixaram-me”, disse o neerlandês, que esteve envolvido numa grande queda no Tour de 2012 – teve perfurações no fígado, num dos rins (foi-lhe retirada uma parte) e várias costelas partidas.

No que diz respeito à luta pela geral, empate total entre Jonas Vingegaard (Jumbo) e Tadej Pogacar (Emirates). Estiveram lado a lado a etapa toda, fizeram a última subida juntos e terminaram lado a lado. A camisola amarela continua no corpo do dinamarquês, que mantém os dez segundos de vantagem sobre o esloveno, mas isto seguramente irá mudar quando o Tour voltar para a estrada na próxima terça-feira depois de cumprido o segundo e último dia de descanso – a corrida regressa com um contra-relógio individual de 22,4km entre Passy e Combloux.

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