Vingegaard resistiu a Pogacar, mas só recuperou um segundo

Enquanto os dois primeiros se marcavam um ao outro, Carlos Rodríguez ficou com a 14.ª etapa da Volta à França, num dia marcado pela desistência de Rúben Guerreiro.

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Pogacar e Vingegaard sempre perto um do outro Reuters/PAPON BERNARD
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Costuma ser assim, mas nunca se falou tanto de segundos como nesta edição da Volta à França em bicicleta. Depois de um dia em que Tadej Pogacar (Emirates) conseguir ganhar oito segundos em bonificações, desta vez foi Jonas Vingegaard (Jumbo) a ficar por cima, recuperando um desses segundos perdidos na etapa deste sábado, a 14.ª, 152km entre Annemasse e Morzine, com muita montanha pelo meio.

Depois de um duelo de equipas entre a Jumbo e a Emirates, Vingegaard e Pogacar ficaram sozinhos na luta e, na última subida antes da meta, na duríssima Col de Joux Plane, foi o esloveno a atacar. O camisola amarela não se deixou ficar muito para trás e, quando foi hora de acelerar para ficar com a bonificação, foi ele que chegou primeiro, ficando com os oito segundos de bonificação, mais três que Pogacar.

O esloveno ainda tentou um segundo ataque a poucas centenas de metros do topo, mas foi obrigado a desacelerar porque tinha motos à frente e o público na estrada limitava muito a sua margem de manobra. Perdeu a concentração e Vingegaard aproveitou para ficar com a bonificação maior.

Após a subida, veio a descida, com os dois primeiros a marcarem-se mutuamente. De trás veio o espanhol Carlos Rodríguez (Ineos), que arriscou na descida, ultrapassou o grupo da frente e cortou a meta isolado, naquela que foi a sua primeira vitória no Tour. Pouco depois, entre os dois que lutam pela amarela com a companhia de Adam Yates (Emirates), foi Pogacar a ficar em segundo da etapa, com a respectiva bonificação, seguido de Vingegaard.

Na luta pelos segundos, o dinamarquês conseguiu ter um saldo positivo de apenas um segundo e reforçou o seu estatuto de líder da classificação geral, agora com dez segundos de vantagem sobre o esloveno, e ainda ficou com a camisola de líder da montanha. Quem subiu muito na geral foi Rodríguez, que colheu os frutos da sua descida temerária, subindo ao terceiro da geral, tendo agora um segundo de vantagem sobre o australiano Jai Hindley (Bora).

Para além da animação na parte final, houve uma queda de várias dezenas de ciclistas logo no início, com apenas oito quilómetros decorridos, que haveria de provocar múltiplos abandonos. Um dos que haveria de desistir mais à frente na tirada foi o português Rúben Guerreiro (Movistar), que era 25.º classificado e tinha aspirações na luta pelo prémio da montanha no Tour.

Rodríguez, que irá correr pela Movistar em 2024, aproveitou da melhor maneira a marcação mútua entre os dois primeiros para chegar à sua primeira vitória em grandes voltas. "Tentei fazer a melhor subida possível, ir ao meu ritmo e, depois, descer rápido. Eles estavam a olhar um para o outro e passei por eles a toda a velocidade. Como sei descer bem, resolvi aproveitar, corri alguns riscos e fui até ao limite, mas não queria cair. Em algumas curvas, estive perto", disse o ciclista espanhol de 22 anos.

Depois de mais um duelo nos Alpes com Pogacar, Vingegaard só podia estar satisfeito com o desfecho. "Foi um bom dia. Aumentei a minha vantagem, mesmo que tenha sido apenas um segundo, e continuo com a camisola amarela", disse o camisola amarela. Já Pogacar, ficou à beira de mais um grande dia, mas sente-se confiante para a última semana de prova: "Foi um dia duro. Sinto-me bem e confiante. Foi pena o que aconteceu no Joux Plane, mas não vai influenciar o resultado."

A 15.ª etapa será mais um dia nos Alpes, 172km entre Les Gets e Saint-Gervais-les-Bains, com múltiplas contagens de montanha e uma chegada em subida, a 1372m de altitude, numa ascensão de sete quilómetros com 7,7% de inclinação. Após esta etapa, será o segundo e último dia de descanso no Tour 2023, seguindo-se, na terça-feira, um contra-relógio de 22,4km.

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