Carlos Alcaraz também bate recordes em Wimbledon

Aryna Sabalenka e Ons Jabeur vão discutir um lugar na final de sábado.

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Carlos Alcaraz Reuters/DYLAN MARTINEZ
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É o próprio a confessar que não estava à espera de atingir o nível de jogo a que chegou tão rapidamente sobre a relva, mas quem acompanha a carreira de Carlos Alcaraz não se pode mostrar surpreendido pela qualificação do número um mundial para as meias-finais do Torneio de Wimbledon. Depois do sucesso no Queen’s, torneio que decorreu duas semanas antes, igualmente em Londres, o espanhol somou a 10.ª vitória consecutiva sobre o piso verde, sobre o rival Holger Rune, e é o mais jovem semifinalista em Wimbledon desde Novak Djokovic, em 2007.

“Não acredito que cheguei a esta situação em tão pouco tempo. É de doidos”, reconheceu Alcaraz. Diante de Rune (6.º mundial), também de 20 anos, o líder do ranking realizou uma exibição sólida traduzida nos somente 22 pontos cedidos nos 17 jogos de serviço, não cedendo nenhum break. O dinamarquês dispôs de um único break-point, no jogo inaugural, e acabou por ceder a partida de 65 minutos no tie-break, cuja vitória o espanhol celebrou ruidosamente. “Foram nervos, tensão, foi tudo. Não estava a conseguir controlar tudo aquilo. O enorme grito ajudou-me a soltar os nervos e começar a desfrutar o momento, o encontro. Como já disse algumas vezes, sorrir é a chave de tudo para mim”, frisou Alcaraz.

A partir desse momento, o desequilíbrio aumentou. Uma dupla-falta de Rune, a 3-3, custou-lhe o segundo set; outra dupla-falta e um smash para a rede, a 4-4, conduziu ao segundo break do encontro e deu uma vantagem a Alcaraz, que não desperdiçou para fechar a partida por 7-6 (7/3), 6-4 e 6-4.

Alcaraz é o terceiro tenista nos últimos 30 anos a atingir três meias-finais nas primeiras 10 presenças em majors, imitando os compatriotas Juan Carlos Ferrero (seu treinador) e Rafael Nadal, e vai discutir com Daniil Medvedev (3.º) um lugar na final de domingo.

Medvedev marca presença em meias-finais de majors pela sexta vez, sendo a primeira no All England Club. O russo voltou a vencer no court n.º1 e novamente em cinco sets, pondo fim ao brilhante e inesperado percurso do norte-americano Christopher Eubanks (43.º).

Após ganhar o set inicial, Medvedev afundou-se e só quando se viu a 1-2 em sets é que voltou a elevar o nível de jogo. No quarto set, cedeu somente dois pontos a servir, embora tivesse só feito a diferença no tie-break, e com um break no início do derradeiro set confirmou o ascendente sobre Eubanks, que foi perdendo energia, cedendo ao fim de três horas: 6-4, 1-6, 4-6, 7-6 (7/4) e 6-1.

Eubanks despediu-se de Wimbledon após uma estreia memorável no torneio, no qual assinou um total de 321 winners nos cinco encontros realizados – um novo recorde, batendo o de Andre Agassi, campeão em 1992. “Esta manhã, após acordar sentei-me a dar conta de que ia jogar um quarto-de-final do Grand Slam, o que é mesmo fixe. Foi a primeira vez que dei um passo atrás para pensar, por cinco, dez minutos, no momento e nas pessoas por todo o mundo que me apoiaram durante este percurso”, revelou Eubanks.

Na reedição da final feminina do ano passado, também em três sets, Ons Jabeur (6.ª) “vingou-se” e venceu a cazaque Elena Rybakina (3.ª), por 6-7 (5/7), 6-4 e 6-1. A tunisina serviu para fechar o primeiro set, a 5-4, mas foi Rybakina a manter-se invencível em tie-breaks disputados em Wimbledon. Só que os primeiros serviços da campeã de 2022 desapareceram e Jabeur assumiu o controlo, terminando com 35 winners apara apenas 18 erros não forçados.

“Tenho mais experiência, a lidar com situações diferentes nos encontros e isso ajudou-me muito hoje. Estou a bater melhor na bola, mas confiante, a servir melhor, mas, acima de tudo, estava a bater rápido. Se querem bater forte, estou pronta para bater forte”, afirmou Jabeur.

Na meia-final, a tenista africana enfrenta Aryna Sabalenka (2.ª), com quem perdeu aqui, nos quartos-de-final, em 2021. “Vou tentar manter-me focada e aproveitar todas as oportunidades. Aryna é mais emocional que Elena, mas não tenho a certeza se isso será uma coisa boa ou má”, adiantou Jabeur.

Sabalenka é a primeira jogadora a disputar as meias-finais no Open da Austrália, Roland-Garros e Wimbledon no mesmo ano desde Serena Williams em 2016. A bielorrussa eliminou Madison Keys (18.ª), com os parciais de 6-2, 6-4, repete as meias-finais de 2021 – foi banida do torneio em 2022 – e prossegue a procura do primeiro lugar, precisando de chegar à final para destronar Iga Swiatek. Keys, imbatível há nove encontros sobre relva, liderou o segundo set por 4-2, antes de perder uma série 11 pontos consecutivos, que a destroçaram animicamente.

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